ONU e Brasil condenam ataque israelense a escola em Gaza; EUA pedem esclarecimentos
Países também assinaram uma declaração pedindo para que Israel e Hamas aceitem acordo de cessar-fogo
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou o ataque israelense que deixou mais de 40 mortos em uma escola na Faixa de Gaza. A declaração foi dada durante evento na quinta-feira (6), que homenageou 135 funcionários da entidade que foram mortos durante a guerra entre Israel e Hamas.
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"Esse é de longe o maior número de nosso pessoal morto em um único conflito ou desastre natural desde a criação das Nações Unidas – uma realidade que nunca podemos aceitar. Estou pessoalmente devastado porque, apesar de nossos melhores esforços, não pudemos proteger nosso pessoal em Gaza”, disse Guterres.
O Comissário-Geral da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, também criticou o ataque à escola, que funcionava como abrigo. “A escola abrigava 6.000 pessoas deslocadas quando foi atingida. Atacar edifícios da ONU para fins militares é um flagrante desrespeito ao direito humanitário internacional”, afirmou.
Ele enfatizou que as alegações de Israel de que a instituição estava sendo utilizada como “complexo” do grupo terrorista Hamas não podiam ser confirmadas.
Outro que se manifestou sobre o bombardeio foi o governo brasileiro. Em nota, o Itamaraty disse que não há justificativa para ataques militares contra instalações da ONU e que áreas densamente povoadas devem ser poupadas. Também reiterou que ataques a infraestruturas civis constituem graves violações do direito humanitário.
“Ao expressar absoluto repúdio ao emprego indiscriminado da força militar contra a população civil e exortar ao pleno respeito aos direitos humanos e ao direito internacional humanitário, o governo brasileiro conclama todas partes envolvidas no conflito a se engajarem em conversações que permitam cessar-fogo imediato e duradouro”, disse.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos, por sua vez, disse esperar que Israel seja totalmente transparente ao tornar públicas as informações sobre o ataque. O mesmo foi dito pelo chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, que também pediu para que ambas as partes cheguem a um acordo de cessar-fogo duradouro.
Acordo de cessar-fogo
Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou uma proposta de cessar-fogo. O plano de cessar-fogo de Biden é composto por três fases, que engloba a libertação de reféns pelo Hamas, a retirada dos soldados israelenses de Gaza e o fim das hostilidades. Por fim, a proposta prevê meios para a reconstrução de Gaza.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o acordo. Ele apenas reforçou que Israel não acabará com a guerra até que o Hamas seja “completamente destruído”.
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Na quinta-feira (6), o Brasil e outros 16 países assinaram uma declaração pedindo para que a proposta de Biden seja aceita pelos países. No documento, as nações afirmaram que o acordo levaria à reabilitação de Gaza, juntamente com garantias de segurança para Israel e oportunidades para uma paz mais duradoura e a longo prazo. “É hora de a guerra acabar e este acordo é o ponto de partida necessário”, afirmaram.