Navio com bois vivos exportados do Brasil é alvo de protestos na África do Sul
Caso ganhou repercussão mundial diante de denúncias de maus-tratos aos animais
Luciane Kohlmann
A passagem de um navio com bois exportados do Brasil causou incômodo na África do Sul. O caso ganhou repercussão mundial diante de denúncias de maus-tratos aos animais. O Brasil é um dos líderes mundiais na exportação de gado vivo.
Bois sobre uma camada espessa de dejetos, animais machucados, doentes e até mortos. Foi esse cenário que uma organização de proteção aos animais da África do Sul diz ter encontrado no navio Al Kuwait, na Cidade do Cabo. O mau cheiro se espalhou pela cidade.
A carga de 19 mil cabeças de gado partiu do Rio Grande do sul, no dia 10 de fevereiro, com destino ao Iraque. O navio parou na Cidade do Cabo para abastecer e partiu na quarta-feira, sob protestos.
O gerente de investigações da organização internacional Mercy for Animals, George Sturaro, explica por que os sul-africanos se manifestaram nas ruas: "a exportação de animais vivos por mar é uma das atividades da indústria de exploração animal mais terríveis. É uma das atividades que mais gera sofrimento físico e psicológico para os animais".
A autoridade portuária do Rio Grande do Sul informou, por meio de nota, que as operações envolvendo embarque de carga viva passam por controle rigoroso. Uma normativa do Ministério da Agricultura prevê regras para garantir que os animais só saiam do país se estiverem saudáveis. No ano passado, o Brasil exportou mais de 547 mil bois vivos.
Quem defende a proteção animal alega que há deficiências no controle após o embarque. "Não existe supervisão governamental da etapa marítima da exportação de animais vivos. Sem uma auditoria externa independente, de preferência governamental, a gente não tem como saber exatamente se as regulamentações são cumpridas", afirma Sturaro.