Lula diz que Netanyahu promove genocídio em Gaza e condena ataques de Israel ao Líbano
Presidente da República deu entrevista coletiva após eventos na ONU e também falou sobre outros conflitos em andamento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta quarta-feira (25), a escalada de ataques de Israel no Oriente Médio. Além de condenar os conflitos mais recentes no Líbano, o presidente mencionou ofensivas na Cisjordânia e afirmou que o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, promove um genocídio na Faixa de Gaza.
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A declaração do presidente foi durante entrevista coletiva na sede das Nações Unidas (ONU) em Nova York após terminar seus compromissos com as autoridades presentes na Assembleia Geral.
"Eu, sinceramente, acho que os países que dão sustentação ao discurso do primeiro ministro Netanyahu precisam começar a fazer esforço maior para que este genocídio pare. [...] Portanto, eu condeno de forma veemente esse comportamento do governo de Israel. Tenho certeza que a maioria do povo de Israel não concorda com esse genocídio", disse o presidente.
Na última segunda-feira (23), Israel realizou um ataque aéreo no Líbano. Segundo autoridades libanesas, cerca de 500 pessoas morreram e mais de 1,6 mil ficaram feridas. Além disso, mais de 10 mil pessoas teriam sido deslocadas. A ofensiva israelense mirava, segundo o governo, integrantes do Hezbollah.
Lula disse ainda que Netanyahu ignora decisões de cessar-fogo aprovar na ONU e afirmou que ele, assim como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, também foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra.
"É importante lembrar que o primeiro-ministro Netanyahu foi julgado pelo Tribunal Internacional, que julgou o Vladimir Putin, e ele está condenado da mesma forma do Putin. É importante lembrar que já foram feitas várias discussões no Conselho de Segurança da ONU, várias tentativas de paz e de cessar-fogo foram aprovadas e ele não cumpre. Simplesmente não cumpre", disse.
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Lula também afirmou que a ONU perdeu força nos últimos anos e não consegue evitar conflitos. Ele mencionou ainda no começo da entrevista coletiva que a organização, quando criada, teve força suficiente para criar o estado de Israel, mas hoje não consegue instituir a criação de um estado da Palestina.
"Deixamos claro a necessidade da ONU voltar a ter papel muito importante. A ONU teve muita importância quando ela foi criada para criar o estado de Israel, mas agora não tem nenhuma força para criar um estado Palestino. Ou seja, é importante criar para que dois vivam em paz de forma harmônica, como vivem outros países no mundo", disse.
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Durante a coletiva, Lula ainda falou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. Segundo o presidente, a solução para o conflito se dará pela diplomacia, e não pela imposição militar. Ele também respondeu a questionamentos de Volodymyr Zelensky, que levantou dúvidas da intenção do Brasil de construir um acordo de paz. Na avaliação do ucraniano, Lula está do lado da Rússia e de seu presidente, Vladimir Putin. O chefe do poder Executivo também mencionou os conflitos "esquecidos pela imprensa mundial" no Iêmen e no Sudão.
"Quando a ONU foi criada em 1945, tinham 51 países, mas hoje temos 193 países. A geopolítica de hoje é diferente da de 1945. A importância dos países também são diferentes par mais ou para menos. Defendemos que haja uma nova conformação geopolítica para que a gente possa ter a totalidade dos continentes representados na ONU, inclusive na OMC (Organização Mundial do Comércio), do Conselho de Segurança da ONU, acabando om direito de veto e aumentando o poder de comando da ONU", disse o presidente.
Agenda
Lula embarcou para o Brasil após a entrevista coletiva, mas o próximo compromisso internacional já está no radar. Na próxima terça-feira (1º), ele participa da cerimônia de posse da nova presidente do México, Claudia Sheinbaum. Até o final do ano, Lula também participa da Cop 29 em Baku, no Azerbaijão, e vai ser o anfitrião do G20, no Rio de Janeiro, em novembro.