Israel ordena saída de palestinos de Rafah e sinaliza ofensiva em Gaza
Exército ordenou que os palestinos se dirigissem a Muwasi, uma expansão de acampamentos de tendas ao longo da costa

SBT News
O exército israelense emitiu nesta segunda-feira (31) ordens de evacuação abrangentes cobrindo Rafah e áreas próximas, indicando que em breve poderá lançar outra grande operação terrestre na cidade ao sul da Faixa de Gaza.
Israel encerrou o cessar-fogo com o grupo militante Hamas e renovou sua guerra aérea e terrestre no início deste mês. Também cortou todos os suprimentos de comida, combustível, remédios e ajuda humanitária para os cerca de 2 milhões de palestinos do território para pressionar o Hamas a aceitar as mudanças propostas ao acordo de trégua.
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Ramadã
O exército israelense ordenou que os palestinos se dirigissem a Muwasi, uma expansão de acampamentos de tendas ao longo da costa. As ordens vieram durante o Eid al-Fitr, um feriado muçulmano normalmente festivo que marca o fim do mês de jejum do Ramadã.
Em maio passado, Israel lançou uma grande operação em Rafah, na fronteira com o Egito, deixando grande parte do território em ruínas. Os militares tomaram um corredor estratégico ao longo da fronteira, bem como a passagem de Rafah com o Egito, a única porta de entrada de Gaza para o mundo exterior que não era controlada por Israel.
O país deveria se retirar do corredor sob o cessar-fogo assinado com o Hamas em janeiro, sob pressão dos EUA, mas depois se recusou a fazê-lo, alegando a necessidade de impedir o contrabando de armas.
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Médicos mortos por Israel são enterrados
Dezenas de pessoas se reuniram em um funeral para parte dos 15 socorristas mortos por Israel durante uma operação terrestre em Rafah na semana passada. A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho chamou de "o ataque mais mortal contra seus médicos em vários anos".
Raed al-Nems, porta-voz do Crescente Vermelho Palestino, disse que os paramédicos foram “mortos a sangue frio”, apesar de usarem uniformes e operarem em ambulâncias claramente identificadas.
Ataques
Israel prometeu intensificar suas operações militares até que o Hamas libere os 59 reféns restantes que detém — 24 deles supostamente vivos. Israel também exigiu que o Hamas se desarme e deixe o território, condições que não estavam incluídas no acordo de cessar-fogo e que o Hamas rejeitou.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse no domingo (30) que Israel assumiria o controle da segurança em Gaza após a guerra e implementaria a proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de reassentar a população de Gaza em outros países, descrevendo-a como "emigração voluntária".
Esse plano foi rejeitado pelos palestinos, que o veem como uma expulsão forçada de sua terra natal. Especialistas avaliam o projeto como uma violação aos direitos humanos.
O Hamas insistiu em implementar o acordo assinado, que pedia que o restante dos reféns fosse libertado em troca de um cessar-fogo duradouro e uma retirada israelense. As negociações sobre essas partes do acordo deveriam começar em fevereiro, mas apenas conversas preliminares foram realizadas.
1 ano e 4 meses de guerra
A guerra começou quando militantes liderados pelo Hamas invadiram Israel em 7 de outubro de 2023, devastando bases do exército e de comunidades agrícolas, e matando cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis. Os militantes fizeram outras 251 pessoas reféns, a maioria libertada em cessar-fogo ou em outros acordos.
“Estamos morrendo. Não há comida, nem bebida, nem eletricidade, nem remédios”, disse Hanadi Dahoud, que foi deslocado da cidade de Khan Younis, no sul. “Queremos viver. Só queremos viver. Estamos cansados.”
* com informações da Associated Press