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PCC e grupos criminosos da Europa fazem escambo de drogas, aponta relatório

Documento da Europol revela que facções criminosas do Brasil enviam cocaína para a Europa em troca de ecstasy

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Grupos criminosos na Europa e no Brasil estão fazendo trocas diretas de drogas sem transações financeiras envolvidas. A informação faz parte do relatório "Mercado de Drogas da UE: MDMA", lançado nesta segunda-feira (31) pela Europol (Agência de Inteligência da Europa) e pela Agência de Drogas da União Europeia (EUDA).

A pesquisa faz uma análise da ampliação da produção de MDMA (ecstasy) na Europa e a expansão da atuação desses grupos para novas regiões. Em 2020, uma investigação identificou uma rede criminosa em Santa Catarina que realizava permutas de cocaína por MDMA com grupos europeus. Grandes organizações criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Primeiro Grupo Catarinense (PGC), também teriam envolvimento nesse tipo de tráfico.

O relatório revela que rotas de tráfico de drogas entre a América Latina e a Europa, tradicionalmente usadas para o envio de cocaína, agora podem estar sendo exploradas para o tráfico de MDMA no sentido contrário.

Dados da Organização Mundial das Alfândegas (WCO) indicam que, entre 2019 e 2022, pelo menos 1,2 tonelada de MDMA foi enviada da União Europeia para a América Latina. Os principais destinos incluíram Chile (372 kg), Peru (160 kg), Brasil (141 kg), Colômbia (136 kg) e Argentina (117 kg).

Embora as trocas diretas ainda não tenham sido suficientemente documentadas, a importância potencial desse modus operandi não deve ser subestimada, conforme o relatório. Um exemplo foi a troca de heroína por MDMA entre redes criminosas turcas e holandesas entre o início e meados da década de 2010, contribuindo para o desenvolvimento do mercado turco de MDMA, que agora parece ser um dos maiores da Europa.

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Apreensões na América Latina

Em junho de 2022, autoridades dos Países Baixos e do Chile desmantelaram uma rede criminosa que tentava traficar quase 500 mil comprimidos de MDMA e mais de 100 kg da substância em pó dos Países Baixos e da Bélgica para portos no Chile. O MDMA era escondido em compartimentos secretos dentro de motorhomes, veículos e compressores.

Outro caso relevante ocorreu em dezembro de 2022, quando a Polícia Nacional da Espanha apreendeu 56 kg de MDMA em um barco que partia de Cádis para a Argentina, via Ilhas Canárias. A embarcação, que já havia sido usada para transportar 1,5 tonelada de cocaína, foi reformada e renomeada pelos criminosos para evitar suspeitas. O MDMA cristal apreendido seria usado na fabricação de comprimidos na Argentina.

A Espanha também registrou grandes apreensões de tucibi, uma mistura que pode conter cetamina, MDMA ou outras substâncias, destinada à Colômbia.

Segundo a Europol, o crescente contrabando de MDMA para a América Latina representa uma oportunidade lucrativa para produtores europeus, devido ao alto preço das drogas sintéticas na região e ao aumento da demanda nos últimos anos.

A União Europeia ocupa um papel central no cenário global das drogas sintéticas, com a produção baseada no bloco atendendo tanto aos mercados internos quanto internacionais. Cerca de 12,3 milhões de europeus (com idades entre 15 e 64 anos) já usaram MDMA pelo menos uma vez na vida. O mercado varejista de MDMA na Europa é estimado em pelo menos 594 milhões de euros por ano.

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