Ilha dos EUA enfrenta crise ambiental após infestação de serpente arbórea-marrom
Espécie não é nativa do local e já provocou a extinção de 10 espécies de aves, além de auxiliar na infestação de aranhas na região
A chegada da cobra-arbórea-marrom (Boiga irregularis) à ilha de Guam, território dos Estados Unidos que fica a 2 mil quilômetros das Filipinas, na década de 1940, causou um desequilíbrio ecológico que só foi verificado após décadas e alterou drasticamente o ecossistema local. Hoje, a ilha de apenas 250 mil habitantes está tomada por cobras invasoras, que encontraram lá um ambiente favorável, sem predadores naturais e repleto de presas fáceis.
Antes disso, segundo a emissora britânica BBC News, Guam era o lar de 12 espécies de aves nativas. Hoje após a chegada das cobras, 10 dessas espécies foram extintas, enquanto as duas restantes sobrevivem em áreas urbanas ou cavernas inacessíveis.
Com a ausência de aves, as florestas de Guam enfrentam outros desafios. A população de aranhas explodiu, transformando a vegetação em um emaranhado de teias. Espécies como a Argiope appensa prosperaram ao não enfrentar mais a predação de aves. Algumas aranhas, inclusive, deixaram de reforçar suas teias, comportamento comum em ambientes de maior ameaça. Segundo uma pesquisa recente, há na ilha cerca de 508 a 733 milhões de aranhas.
Mas as consequências vão além da superpopulação de aranhas, segundo a BBC News. Sem aves para dispersar sementes, muitas árvores nativas estão desaparecendo. As frutas caem e apodrecem no solo, impedindo o ciclo natural de regeneração da floresta.
Pesquisadores temem que o ecossistema não consiga se recuperar e classificam Guam como um dos "mais espetaculares desastres ecológicos do planeta".