Homem que atacou parlamentares nos EUA planejava fazer mais vítimas, diz procuradoria

Vance Boelter, de 57 anos, acusado de matar uma deputada e seu marido em Minnesota, e ferir um senador, tinha o plano de atacar ao menos outros dois parlamentares, disse o procurador-geral interino dos EUA, Joseph Thompson, nesta segunda-feira (16). A trama só não se concretizou porque um dos alvos estava em férias e o acusado fugiu da casa da outra possível vítima, com a passagem da polícia pela região.

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Segundo a procuradoria, Boelter planejou meticulosamente os ataques, realizando missões de vigilância, anotando informações sobre as casas e as vítimas. No dia do ataque, ele se disfarçou de policial, inclusive com o uso de uma máscara.

Ele foi preso na noite de domingo (15) em uma mata perto de casa. Boelter é acusado de matar Melissa Hortman e o marido, Mark, além de ferir o senador estadual John Hoffman, e sua esposa Yvette.

Religioso e conservador

Boelter é descrito como uma pessoa profundamente religiosa e politicamente conservadora, crítico ao aborto. Amigos e ex-colegas entrevistados pela agência de notícias Associated Press descreveram Boelter como um cristão devoto que frequentava uma igreja evangélica e participava de comícios de campanha do presidente Donald Trump.

“Ele tinha uma inclinação política de direita, mas nunca era fanático, pelo que vi, apenas tinha convicções fortes”, disse Paul Schroeder, que conhece Boelter há anos.

O acusado, que trabalhava como segurança, deu uma ideia de suas crenças sobre o aborto durante uma viagem à República Democrática do Congo em 2023. Enquanto estava lá, Boelter serviu como pastor evangélico, dizendo às pessoas que conheceu Jesus quando era adolescente.

"As igrejas estão tão confusas que, em muitas delas, não sabem que o aborto é errado", disse ele, de acordo com uma gravação online de um sermão de fevereiro de 2023. Ainda assim, em três longos sermões analisados ​​pela AP, ele mencionou o aborto apenas uma vez, concentrando-se mais em seu amor a Deus e no que ele via como a decadência moral em seu país natal.

Perfil

Casado e pai de cinco filhos, Boelter e a esposa são donos de uma casa de 360 ​​metros quadrados em um grande terreno rural a cerca de uma hora do centro de Minneapolis, que o casal comprou em 2023 por mais de meio milhão de dólares.

Ele trabalhou por décadas em cargos gerenciais para fabricantes de alimentos e bebidas durante anos. Após se formar em relações internacionais, Boelter voltou a estudar e, em 2016, obteve um mestrado e, em seguida, um doutorado em estudos de liderança pela Cardinal Stritch University, uma faculdade católica particular em Wisconsin que, desde então, fechou.

Enquanto morava em Wisconsin, registros mostram que Boelter e sua esposa Jenny fundaram uma organização sem fins lucrativos chamada Revoformation Ministries, da qual se declararam presidente e secretário.

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Empresa de segurança

Registros mostram que Boelter e sua esposa fundaram uma empresa de segurança em 2018. Um site da Praetorian Guard Security Services lista a esposa de Boelter como presidente e CEO, enquanto ele é listado como diretor de patrulhas de segurança. O site da empresa informa que ela fornece segurança armada para propriedades e eventos.

Em um currículo online, Boelter também se apresentou como um profissional de segurança que trabalhava em missões no Oriente Médio e na África. Em sua viagem à República Democrática do Congo, ele contou a Chris Fuller, um amigo, que havia fundado várias empresas focadas em agricultura e pesca no Rio Congo, bem como em transporte e venda de tratores.

Mas, ao retornar para casa em 2023, havia sinais de que Boelter estava com dificuldades financeiras. Em agosto daquele ano, ele começou a trabalhar para um serviço de transporte de uma funerária, principalmente recolhendo corpos de pessoas que haviam morrido em lares de idosos —um trabalho que ele descreveu como algo que precisava fazer para pagar contas. Tim Koch, proprietário da Metro First Call, disse que Boelter "deixou voluntariamente" o cargo há cerca de quatro meses.

“Esta é uma notícia devastadora para todos os envolvidos”, disse Koch, recusando-se a dar mais detalhes sobre os motivos da saída de Boelter, citando a investigação policial em andamento.

Boelter também começou a passar algumas noites longe da família, alugando um quarto em uma casa modesta no norte de Minneapolis, compartilhada por amigos.

"Vou ficar fora por um tempo"

Nas horas que antecederam os tiroteios de sábado, Boelter enviou mensagens de texto para dois colegas de quarto para dizer que os amava e que "ficaria fora por um tempo".

“Posso morrer em breve, então só quero que saibam que amo vocês dois e que gostaria que não tivesse acontecido dessa maneira”, escreveu Boelter. “Não quero dizer mais nada nem implicar vocês de forma alguma, porque vocês não sabem de nada sobre isso. Mas eu amo vocês e sinto muito pelos problemas que isso causou.”

* com informações da Associated Press