Homem condenado à morte é salvo minutos antes de execução nos EUA
Tremane Wood, de 46 anos, já havia feito sua última refeição quando funcionários da prisão bateram na porta de sua cela para informá-lo sobre a redução da pena

Sofia Pilagallo
Um homem que havia sido condenado à morte foi salvo minutos antes de ser executado por injeção letal nos Estados Unidos. Ele já havia feito sua última refeição — um peixe de um restaurante local — quando funcionários da prisão bateram na porta de sua cela para informá-lo de que sua pena havia sido reduzida para prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. As informações são do jornal The New York Times.
Tremane Wood, de 46 anos, estava programado para ser executado na quinta-feira (13), às 10h (horário local; 13h em Brasília), por seu envolvimento no assassinato a facadas de um homem, Ronnie Wipf, durante um assalto em um motel de Oklahoma City, em 2022. A execução foi suspensa após um indulto do governador de Oklahoma, Kevin Stitt, um republicano que apoia a pena de morte.
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Em comunicado, Stitt afirmou ter aceitado a recomendação da Comissão de Indulto e Liberdade Condicional de Oklahoma, que votou por 3 a 2 na semana passada para reduzir a pena de Wood para prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Mais cedo, na quinta-feira, a Suprema Corte dos EUA negou um pedido da defesa do prisioneiro para suspender a execução.
Em quase sete anos no cargo, essa foi apenas a segunda vez que Stitt interveio para impedir uma execução. Em 2021, ele reduziu a pena de morte de Julius Jones, condenado por homicídio em primeiro grau em 2002, para prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Stitt rejeitou as recomendações de clemência da Comissão de Liberdade Condicional em outros quatro casos de pena de morte. Dezessete prisioneiros em Oklahoma foram executados desde que o governador assumiu o cargo, segundo o Centro de Informações sobre a Pena de Morte.
Disparidade na sentença
Em declaração, Stitt afirmou estar preocupado com a disparidade na sentença aplicada a Wood. O irmão mais velho do prisioneiro, Zjaiton Wood, foi julgado separadamente pelo mesmo assassinato, mas recebeu uma sentença de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Ele cometeu suicídio na prisão em 2019.
"Esta ação reflete a mesma punição que seu irmão recebeu pelo assassinato de um jovem inocente e garante uma punição severa que manterá um criminoso violento fora das ruas para sempre", disse Stitt. "Oro pela família de Ronnie Wipf e pela vítima sobrevivente, Arnie; eles são exemplos de perdão e amor cristãos."
A advogada de Wood, Amanda Bass Castro-Alves, afirmou em um podcast no ano passado que, embora os promotores tivessem pedido a pena de morte para ambos os irmãos, os julgamentos foram desiguais. Isso porque um juiz nomeou três advogados experientes e dois investigadores da defensoria pública de Oklahoma para representar Zjaiton Wood e apenas um advogado autônomo para representar Tremane Wood.
O advogado autônomo que representou Wood admitiu posteriormente que não fez "praticamente nada" para tentar inocentá-lo ou sequer investigar o caso. Amanda disse que a equipe jurídica de seu cliente encontrou uma fatura que mostrava que o advogado havia trabalhado apenas 80 horas no caso e que 60 dessas horas haviam sido durante o próprio julgamento.
Amanda alegou ainda, em recursos judiciais, que os promotores haviam ocultado acordos firmados com testemunhas em troca de seus depoimentos contra Wood, o que a procuradoria-geral de Oklahoma nega. Em documento apresentado à Suprema Corte dos EUA, o gabinete do procurador-geral do estado argumentou que essas alegações eram "baseadas em deturpações dos fatos" e que o estado demonstrou, em uma audiência, que "não tinha acordos não divulgados com testemunhas".









