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França reprime protestos pró-independência na Nova Caledônia e bane TikTok no território

Indígenas Kanaks, originários do arquipélago, querem impedir reforma eleitoral proposta pelo parlamento francês; ao menos 4 pessoas morreram e 140 foram presas

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Manifestações pró-independência irrompem na Nova Caledônia contra a França | Reprodução/X
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O presidente da França, Emmanuel Macron, decretou estado de emergência e ordenou toque de recolher em resposta aos intensos protestos pró-independência na colônia francesa de Nova Caledônia. O estado de emergência, que vigorará por 12 dias, suspende direitos civis e permite que autoridades proíbam manifestações, imponham prisões domiciliares e realizem buscas sem mandado judicial.

As manifestações eclodiram na última segunda-feira (13) e estão concentradas principalmente na capital, Nouméa. Os manifestantes incendiaram automóveis e depredaram instalações do governo francês, enquanto vídeos de agressões policiais, amplamente compartilhados no TikTok, provocaram indignação e ampliaram os atos de protesto, o que levou a França a proibir a rede social na colônia.

Até o momento, quatro pessoas morreram — incluindo três nativos Kanak — e várias ficaram feridas, com mais de 140 manifestantes presos.

O que motivou os protestos?

Os protestos foram desencadeados por uma reforma eleitoral proposta pelo parlamento francês, em Paris, que visa ampliar os direitos políticos dos colonos franceses que se estabeleceram na Nova Caledônia após 1998, quando ocorreu o último censo. A proposta, apoiada por Macron, já foi aprovada pela Assembleia Nacional da França.

Entenda

A Nova Caledônia é um arquipélago no Oceano Pacífico com uma população de cerca de 280 mil habitantes, e foi colonizada pela França em 1853. A colonização foi marcada por violência e segregação, cujos efeitos ainda são sentidos hoje, com a maioria dos indígenas originários, os Kanak, vivendo na pobreza, enquanto os colonos franceses mantêm privilégios econômicos e sociais.

A desigualdade e a falta de cumprimento das promessas de autonomia exacerbaram as tensões, resultando em movimentos de resistência ao longo do século 20. Nos anos 1980, a resistência culminou em uma guerrilha liderada pela Frente de Libertação Nacional Kanak Socialista (FLNKS), que resultou em confrontos violentos e obrigou a França a negociar.

Os Acordos de Matignon de 1988 e o Acordo de Nouméa de 1998 prometiam mais autonomia para os Kanak e limitavam os direitos eleitorais dos colonos franceses. No entanto, com a nova reforma eleitoral, essas promessas podem ser revertidas.

Os independentistas nativos consideram que a ampliação do censo deve marginalizar ainda mais o povo Kanak nas instituições provinciais, que já têm amplas atribuições transferidas para Paris.

Níquel

A Nova Caledônia tem uma grande importância econômica para a França. O arquipélago é rico em reservas minerais, sendo o quarto maior produtor de níquel do mundo. O níquel é essencial para a produção de baterias de veículos elétricos, tornando o arquipélago um território estratégico para o país.

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