EUA: pai que comprou arma usada por filho em ataque em escola é condenado por homicídio culposo
James Crumbley recebeu a mesma condenação da esposa; ambos foram acusados de negligência com saúde mental do adolescente
James Crumbley, pai do atirador que matou quatro adolescentes no colégio Oxford High, em Michigan (EUA), foi condenado por homicídio culposo. O veredicto foi lido na quinta-feira (14), responsabilizando James pelos assassinatos mesmo sem puxar o gatilho. A mãe do atirador, Jennifer Crumbley, também recebeu a condenação, mas em fevereiro.
O ataque ocorreu em 30 de novembro de 2021, quando Ethan Crumbley, de 15 anos na época, entrou no colégio com uma pistola semiautomática e começou a atirar contra alunos que passavam pelo corredor, atingindo 10 pessoas. A arma usada no tiroteio foi dada ao jovem pelos pais na mesma semana, como um presente adiantado de Natal.
Horas antes do ataque, os pais de Ethan foram chamados na escola depois que uma professora de matemática encontrou um desenho com imagens de violência armada na carteira do aluno. Na conversa, a educadora mostrou a imagem e pediu ao casal para que levasse o jovem imediatamente para casa e procurasse ajuda especializada.
O pedido, no entanto, foi ignorado pelos pais de Ethan, que, logo após voltar à sala de aula, foi ao banheiro com a mochila e sacou a arma. Como foram alertados sobre a saúde mental do filho, os pais foram acusados de negligência.
"James Crumbley não está sendo julgado pelo que seu filho fez. James Crumbley está sendo julgado pelo que fez e pelo que não fez", disse a promotora Karen McDonald ao júri. Durante o julgamento, ela citou um trecho do diário de Ethan, no qual pedia ajuda. "Quero ajuda, mas meus pais não me ouvem, então não consigo ajuda", dizia o texto.
James e Jennifer Crumbley são os primeiros pais norte-americanos a serem acusados de responsabilidade por um tiroteio em massa em uma escola promovido pelo filho. Ambos devem cumprir 15 anos de prisão, conforme pena máxima para o crime de homicídio culposo em Michigan. Ethan, por sua vez, cumpre pena de prisão perpétua.
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"Este veredicto não traz de volta seus filhos, mas marca um momento de responsabilização e esperamos que seja mais um passo para abordar e acabar com a violência armada", disse a promotora. Ela estava acompanhada dos pais e familiares das vítimas — que tinham entre 14 e 17 anos.