Diplomatas avaliam que declaração de Lula deve enfraquecê-lo como pretenso mediador do conflito Israel/Palestina
Convocação de embaixador é recado duro de Israel, mas não deve interferir nas relações com o Brasil de imediato, segundo fontes do Itamaraty
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se enfraqueceu como pretenso mediador do conflito entre israelenses e palestinos depois de comparar a operação militar em Gaza com o extermínio de judeus no Holocausto. A avaliação é de diplomatas brasileiros e especialistas em conflitos internacionais ouvidos pelo SBT News sob a garantia de anonimato.
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A leitura é que Lula, ao falar de improviso, acabou caindo numa armadilha de fazer uma comparação indevida. O custo diplomático é uma animosidade dos Estados Unidos e de países europeus, como a Inglaterra e a França. “Lula mostrou que tem um lado no conflito e isso acaba com a possibilidade de mediação”, disse um integrante do governo brasileiro que acompanha o conflito em Gaza. “E mostra também como Israel está irredutível.”
Em coletiva para imprensa neste domingo (18), o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que Lula "desonrou a memória de 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas".
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ainda convocou o embaixador brasileiro no país para uma “dura conversa de repreensão” nesta segunda-feira (19). O ato é visto como algo grave numa escala diplomática, que, no limite, pode provocar a reavaliação de posturas, mas, no momento, não deve ter maiores consequências para a relação dos dois países. A avaliação é a de que Israel tem animosidades com outros países por causa da operação em Gaza e o Brasil é um problema menor neste momento.