Delegações do Brasil e de outros países deixam Assembleia Geral antes de discurso de Netanyahu na ONU
Primeiro-ministro de Israel enfrenta pressão por cessar-fogo em Gaza; guerra já deixou mais de 65 mil mortos no enclave palestino
Giovanna Colossi
com informações da Reuters
As delegações do Brasil e de diversos outros países deixaram o plenário da ONU antes do discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta sexta-feira (26) em Nova York.
Imagens da transmissão ao vivo do evento, mostraram o momento em que os representantes esvaziaram o hall enquanto o premiê israelense era aplaudido e vaiado por quem estava presente.
Essa não é a primeira vez que o líder israelense é alvo de protestos na principal reunião do organismo internacional devido à guerra na Faixa de Gaza.
O conflito, iniciado em 7 de outubro após um ataque do grupo extremista Hamas, já causou mais de 65 mil mortes e levou o enclave palestino a uma crise humanitária catastrófica. Líderes mundiais, incluindo de nações aliadas a Israel, vêm pressionando o premiê por um cessar-fogo.
No início de seu discurso, Netanyahu elogiou as operações de Israel contra o Irã e seus representantes no Oriente Médio, como os Houthis, no Iêmen; Hezbollah, no Líbano; e o Hamas, na Palestina.
“No ano passado, massacramos os Houthis, inclusive ontem. Esmagamos o grosso da máquina terrorista do Hamas. Paralisamos o Hezbollah, eliminando a maioria de seus líderes e grande parte de seu arsenal de armas”, disse Netanyahu.
“Você se lembra daqueles bipes, dos pagers, nós ligamos para o Hezbollah e, acredite, eles entenderam a mensagem”, disse Netanyahu. “E o mais importante, e acima de tudo que eu poderia dizer a vocês, é que nós fizemos no ano passado, na última década, devastamos os programas de armas atômicas e mísseis balísticos do Irã”, acrescentou.
Faixa de Gaza
O premiê israelense também endereçou o conflito na Faixa de Gaza e prometeu "terminar o trabalho" de eliminar o Hamas em Gaza, afirmando que os reféns israelenses não foram esquecidos.
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“Os últimos elementos, os últimos remanescentes do Hamas, estão entrincheirados na Cidade de Gaza. Eles prometem repetir as atrocidades de 7 de outubro uma e outra vez, não importa quão reduzidas estejam suas forças”, disse ele. “É por isso que Israel precisa terminar o trabalho. É por isso que queremos fazê-lo o mais rápido possível.”
Alto-falantes em Gaza
Durante o discurso, Netanyahu informou que cercou Gaza com enormes alto-falantes conectados ao microfone da ONU, "na esperança de que nossos queridos reféns ouçam minha mensagem".
Falando em hebraico, o líder israelense afirmou: “Nossos bravos heróis, aqui é o Primeiro-Ministro Netanyahu, falando com vocês, ao vivo das Nações Unidas. Não nos esquecemos de vocês, nem por um segundo".
Críticas a líderes mundiais
O primeiro-ministro não poupou críticas aos países ocidentais que reconheceram recentemente o Estado da Palestina durante seu discurso.
Segundo Netanyahu, o apoio global a Israel após o ataque de 7 de outubro "rapidamente evaporou quando Israel fez o que qualquer nação que se preze faria após um ataque tão selvagem: nós revidamos".
Em seguida, acusou os líderes mundiais de travarem "guerra política e jurídica contra Israel".
"Esta semana, os líderes de França, Reino Unido, Austrália, Canadá e outros países reconheceram incondicionalmente um Estado palestino. Eles fizeram isso após os horrores cometidos pelo Hamas em 7 de outubro – horrores elogiados naquele dia por quase 90% da população palestina.", afirmou.
"Isso não é uma acusação contra Israel. É uma acusação contra vocês. É uma acusação contra líderes fracos e necessitados que apaziguam o mal em vez de apoiar uma nação cujos bravos soldados os guardam nos portões. Eles já estão penetrando em seus portões", completou.
Estado da Palestina
Classificando a recente onda de reconhecimentos como "vergonhosa, pura loucura e insana", Netanyahu rejeitou a noção de um Estado da Palestina e afirmou que seria o mesmo que dar à Al-Qaeda um Estado a um quilômetro de Nova York depois de 11 de setembro
“O que vocês estão fazendo é dar a recompensa máxima aos fanáticos intolerantes que perpetraram e apoiaram o massacre do Sabbath.", disse ele.
"Israel não permitirá que vocês nos imponham um Estado terrorista. Não cometeremos suicídio nacional porque vocês não têm coragem de enfrentar uma mídia hostil e turbas antissemitas que exigem o sangue de Israel", continuou e completou:
"Minha oposição a um Estado palestino não é simplesmente uma questão de política minha ou do meu governo, é uma questão de política do Estado e do povo do Estado de Israel"