Defesa de Assange tenta último recurso em tribunal britânico contra extradição para os EUA
Jornalista australiano é acusado de crime de espionagem em Washington e pode pegar até 175 anos de prisão
Camila Stucaluc
O Tribunal de Justiça de Londres julga, nesta terça-feira (20), o último recurso relacionado à extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os Estados Unidos. O australiano é procurado por promotores de Washington, que o acusam de 18 crimes por publicar informações confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas.
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No julgamento de hoje, dois juízes britânicos irão examinar a decisão do Tribunal Superior de Justiça de Londres, divulgada em 6 de junho. Na data, a Corte negou o recurso de Assange, alegando que o australiano não tinha bases legais para contestar a decisão do governo britânico, que aprovou a extradição do jornalista para os Estados Unidos.
Caso os juízes decidam contra Assange, o jornalista terá esgotado todas as vias de recurso no Reino Unido. Ele ainda poderá, no entanto, apresentar um último recurso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) para evitar a extradição.
Assange luta contra a extradição do Reino Unido para os Estados Unidos há mais de uma década. O australiano, de 52 anos, é processado por Washington por ter publicado, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas do país norte-americano, incluindo as guerras no Iraque e no Afeganistão.
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Atualmente, Assange está preso na penitenciária de segurança máxima Belmarsh, em Londres. Antes disso, o jornalista passou sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar extradição para a Suécia. Caso seja extraditado aos Estados Unidos, o australiano poderá ser condenado a 175 anos de prisão.
Manifestações no Brasil
Entidades de jornalistas e movimentos populares estão mobilizando atos pelo Brasil em prol da liberdade de Assange. A manifestação está programada para esta terça-feira, começando a partir das 17h em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
“Se Assange for extraditado se abrirá perigoso precedente legal. Qualquer pessoa poderá ser extraditada: jornalista, editor, denunciante, qualquer um, pois, nem mesmo a defesa do interesse público estará assegurado em um julgamento de espionagem. Na prática, o que está em julgamento é o direito de imprensa, de informação e de dissenso em nível internacional”, defendeu a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).