Crianças são mortas em colégio de Mianmar enquanto Forças Armadas intensifica ataques aéreos
Conflitos ocorrem em meio à uma guerra territorial para impedir eleições, planejadas para dezembro
Reuters
Um ataque aéreo das Forças Armadas de Mianmar a uma escola matou pelo menos 19 alunos na semana passada, segundo uma milícia étnica conhecida como exército de Arakan. A Unicef, a agência da ONU para a infância, reconheceu o ataque, mas não soube informar quantas pessoas haviam perdido a vida. + Mais de 1.100 famílias ficam desalojadas após incêndio devastador nas Filipinas
A agência de notícias Reuters também não pôde verificar de forma independente os relatos, pois os serviços de internet e celular em partes de Rakhine foram cortados pela junta de Mianmar e as tentativas de contato com os residentes de Kyauktaw não tiveram êxito.
Um porta-voz dos militares não atendeu às ligações telefônicas para comentar o assunto.
"O ataque se soma a um padrão de violência cada vez mais devastador no Estado de Rakhine, com crianças e famílias pagando o preço mais alto", disse a Unicef.
O conflito acontece no momento em que uma junta governante do país intensifica uma campanha para retomar o território antes de uma eleição planejada para dezembro. + Ataques em Gaza deixam 68 mortos e cerca de 350 feridos em 24 horas
O Estado de Rakhine, que faz fronteira com Bangladesh, tem sido palco de intensos combates durante meses entre os militares e o Exército Arakan, que busca maior autonomia para a província costeira.
Há muito tempo, é um dos Estados mais problemáticos de Mianmar, onde o Programa Mundial de Alimentos alertou sobre o aumento da fome e da desnutrição, inclusive entre a comunidade muçulmana Rohingya, perseguida por sucessivas administrações regionais.
Quase 500 ataques aéreos
Cerca de 500 ataques aéreos lançados em todo o país pelos militares no último mês mataram mais de 40 crianças e atingiram 15 escolas, informou o Governo de Unidade Nacional.
Os militares estão aumentando o uso do poder aéreo, com 1.134 ataques aéreos entre janeiro e maio, muito mais do que os números correspondentes de 197 e 640 em 2023 e 2024, segundo o Armed Conflict Location & Event Data Project. + Rússia ameaça retaliação contra Europa se ativos congelados forem usados para financiar Ucrânia
Um dos países mais pobres do Sudeste Asiático, Mianmar tem sido dominado pela violência desde um golpe militar de 2021 que depôs um governo eleito liderado pela ganhadora do Prêmio Nobel Aung San Suu Kyi.
Depois que os protestos em todo o país contra a junta foram brutalmente esmagados, o movimento de oposição se transformou em uma resistência armada contra os militares, que têm sido atacados por uma combinação de exércitos étnicos estabelecidos e novos grupos.
Após quatro anos de extensão do regime de emergência, os militares formaram um governo interino no mês passado e se comprometeram a realizar uma eleição em várias fases a partir de 28 de dezembro, enquanto o chefe da junta, Min Aung Hlaing, permanece no comando como presidente interino.