Correspondentes pressionam Israel e Egito por acesso à Faixa de Gaza
Acesso ao território palestino está proibido pra jornalistas estrangeiros desde os ataques terroristas do Hamas
Sérgio Utsch
Um grupo de 55 jornalistas enviou uma carta às embaixadas de Israel e do Egito em Londres para demandar acesso da mídia internacional à Faixa de Gaza. O documento é assinado por representantes de todas as grandes TVs do Reino Unido (BBC, ITV, Channel 4 e Sky News), além de emissoras dos Estados Unidos (CNN, ABC, NBC e CBS).
"Nós pedimos aos governos de Israel para declarar abertamente sua permissão para que jornalistas internacionais possam trabalhar em Gaza e para as autoridades egípcias permitirem o acesso de jornalistas internacionais pela Passagem de Rafah", diz o documento.
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Desde os ataques terroristas do Hamas, em 7 de outubro, o acesso de jornalistas à Faixa de Gaza está completamente bloqueado por Israel e Egito. A maior parte dos jornalistas que cobre aquela parte do território palestino costuma entrar no território palestino pela fronteira israelense, sob controle de Tel Aviv.
A carta lembra ainda que em, "quase 5 meses da guerra em Gaza, repórteres estrangeiros ainda têm acesso negado ao território, exceto em raras viagens escoltadas pelos militares israelenses". Nestas viagens, que duram algumas horas, jornalistas têm que submeter o material que gravaram às autoridades de Israel, que, sob alegação de questões de segurança, podem impedir que uma determinada imagem seja transmitida. Além disso, jornalistas são proibidos de conversar com os palestinos enquanto estiverem sob escolta.
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Um dos mais experientes correspondentes de guerra do Reino Unido, Jeremy Bowen, editor para Oriente Médio da rede BBC, disse que só pode concluir "que Israel não está permitindo que repórteres trabalhem livremente em Gaza porque seus soldados estão fazendo algo que eles não querem que nós vejamos".
Todas as imagens feitas na Faixa de Gaza são fruto do trabalho de jornalistas que já estavam lá antes dos ataques terroristas do Hamas. A maior parte deles é de redes de TV árabes e uma rede de freelancers que abastece grandes agências internacionais, como a Reuters e a Associated Press. Essas agências são as fontes das imagens para a grande maioria das TVs do mundo.
Israel também montou toda uma estrutura de comunicação pra abastecer a mídia internacional. O governo do país distribui informações e imagens diárias sobre a ação das tropas na Faixa de Gaza. As famílias dos sequestrados têm um sistema próprio para divulgar suas informações. Nas últimas semanas, o governo israelense enviou e-mails pra milhares de jornalistas envolvidos na cobertura para verificar como as informações estão sendo acessadas e monitorar a cobertura internacional sobre a guerra.