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COP30: secretário-geral da ONU repreende nações por não cumprirem metas climáticas

"Podemos escolher liderar – ou sermos levados à ruína", alertou Guterres em discurso na Cúpula de Líderes, em Belém

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António Guterres em Belém | 6/11/2025/Reuters/Adriano Machado
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou as nações por não terem conseguido limitar o aquecimento a 1,5ºC, enquanto o Brasil recebia os líderes mundiais para uma cúpula dias antes do início formal das negociações da COP30 na cidade de Belém.

A ciência confirma que o mundo está prestes a ultrapassar o limite de aquecimento de 1,5ºC por volta de 2030, correndo o risco de uma elevação extrema da temperatura com consequências irreversíveis.

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"Muitas empresas estão obtendo lucros recordes com a devastação climática, com bilhões gastos em lobby, enganando o público e obstruindo o progresso", disse Guterres em seu discurso.

"Muitos líderes permanecem cativos desses interesses arraigados."

Países gastam cerca de US$ 1 trilhão por ano em subsídios aos combustíveis fósseis.

Os líderes têm duas opções claras, disse Guterres: "Podemos escolher liderar – ou sermos levados à ruína."

Série alarmante

A conferência COP30 marca três décadas desde o início das negociações climáticas globais. Nesse período, os países reduziram ligeiramente o aumento previsto das emissões, mas não o suficiente para evitar o que os cientistas consideram um aquecimento global extremo nas próximas décadas.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou que este ano provavelmente será o segundo ou terceiro mais quente já registrado, com a média de temperatura até agosto 1,42°C acima da média pré-industrial, depois de um calor recorde em 2023 e 2024.

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"A série alarmante de temperaturas excepcionais continua", disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, no lançamento do relatório.

Do lado de fora do local da conferência – ainda em construção antes do início na próxima semana –, um pequeno grupo de indígenas marchava em círculo, cantando e pedindo a proteção das florestas do mundo e de seus povos.

Uma flotilha que trazia líderes indígenas e ativistas pelos rios da Bacia Amazônica para a conferência foi adiada e só chegará na próxima semana.

Durante a cúpula de líderes nesta quinta e na sexta-feira (7), cerca de 150 chefes de Estado, líderes subnacionais e organizações internacionais fazem discursos televisionados para todo o mundo.

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Faltam os líderes de quatro das cinco economias mais poluidoras do mundoChina, Estados Unidos, Índia e Rússia – e apenas a chefe da União Europeia comparecerá.

O governo dos EUA optou por não enviar ninguém para as negociações, ao contrário dos outros, mas as principais autoridades norte-americanas estiveram na Grécia ao lado da gigante dos combustíveis fósseis Exxon Mobil (XOM.N) nesta quinta, quando ela assinou um novo acordo para explorar gás natural em alto-mar.

Para alguns, a ausência dos Estados Unidos na COP30 pode liberar os países para discutir ações sem que um único participante domine a definição do resultado.

"Sem a presença dos EUA, podemos ver uma conversa multilateral real acontecendo", disse Pedro Abramovay, vice-presidente de programas da Open Society Foundations e ex-ministro da Justiça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Multilateralismo

Lula planejou reuniões bilaterais nesta quinta com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, depois de se reunir individualmente na quarta-feira com o vice-primeiro-ministro chinês e os líderes da Finlândia e da União Europeia.

"Em um momento em que muitas pessoas estão reivindicando a morte do multilateralismo, acho que há um novo espaço para um multilateralismo que não é construído de cima para baixo, de países poderosos para países pobres", disse Abramovay.

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O Brasil espera que a cúpula de líderes mundiais entregue pelo menos US$ 10 bilhões de sua meta global de US$ 125 bilhões para o recém-lançado Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), estimado como suficiente para começar a gerar fundos para a conservação.

A expectativa era que a China, a Noruega e a Alemanha anunciassem contribuições em Belém, após o Brasil oferecer o primeiro investimento e a Indonésia igualar a promessa.

Mas o Reino Unido, que ajudou a estruturar a forma como o fundo funciona, trouxe decepção precoce na quarta-feira, revelando que não ofereceria dinheiro.

(Reportagem de Valerie Volcovici, Lisandra Paraguassu e William James em Belém; reportagem adicional de Brad Haynes em Belém e Emma Farge em Genebra)

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