Cardeal italiano condenado por fraude desiste de participar do conclave
Angelo Becciu já havia divulgado que participaria, mas terá que voltar atrás e atender determinação do próprio papa Francisco

SBT News
Condenado por fraude financeira no Vaticano em 2023, o cardeal italiano, Angelo Becciu, divulgou, nesta terça-feira (29), sua renúncia à participação no conclave. Ele segue um desejo do próprio papa Francisco, que teria deixado cartas afirmando que não o queria no processo de escolha do novo papa.
“Tendo em mente o bem da igreja, que servi e continuarei a servir com fidelidade e amor, bem como contribuir para a comunhão e a serenidade do conclave, decidi obedecer, como sempre fiz, à vontade do papa Francisco de não entrar no conclave, mantendo-me convencido da minha inocência”, disse o cardeal no comunicado.
Becciu tem sido um dos cardeais mais atuantes na gestão cotidiana do Vaticano, participando de diversas reuniões diárias no período Sede Vacante que se seguiu à morte de Francisco.
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Condenação
Angelo Becciu tem 76 anos e nasceu na Sardenha. Em 2023, foi condenado, em primeira instância, pela Justiça da Santa Sé, a cinco anos e meio de prisão por desvios financeiros. De acordo com a denúncia, ele adquiriu um imóvel de luxo em Londres com dinheiro de uma coleta anual para obras de caridade. O cardeal recorreu da sentença e aguarda a decisão do recurso em liberdade.
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Regras Universi Dominici Gregis
Por estar abaixo da idade limite para participar e votar no conclave (80 anos), o cardeal atende aos requisitos de participação da eleição do novo pontífice. No entanto, o documento que regula um conclave e estabelece as regras de eleição, Universi Dominici Gregis, deixa claro que os cardeais canonicamente depostos ou que renunciaram ao cardinalato, não podem participar da eleição.
“Após a morte de um papa, o Colégio dos Cardeais não pode readmiti-lo ou reabilitá-lo”, diz o documento.
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O papa Francisco já havia aceitado a renúncia de Becciu de suas funções como prefeito da "Congregação para as Causas dos Santos" e seus direitos ligados ao cardinalato. Após a renúncia, o próprio pontífice teria alterado a lei para permitir que o tribunal criminal da Cidade-Estado o processasse.