Brasil espera "punição" dos EUA por comprar óleo diesel da Rússia
Mercado brasileiro é o terceiro maior destino de derivados de petróleo russos no mundo; Índia teve taxa de 25%

Sérgio Utsch
O governo brasileiro já espera que o país será punido pelos Estados Unidos por comprar derivados de petróleo da Rússia, confirmou uma fonte do Itamaraty, nesta terça-feira (05), ao SBT News.
Se o anúncio não vier pelo próprio presidente Donald Trump, poderá acontecer pelo Senado norte-americano que, no próximo mês, deverá votar um projeto de lei prevendo as chamadas "tarifas secundárias".
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A iniciativa tem o apoio dos partidos Republicano e Democrata e tem o objetivo de inviabilizar ou reduzir drasticamente o comércio da principal fonte de renda do governo da Rússia.
Por enquanto, o foco das tarifas secundárias é a Índia. Donald Trump anunciou 25% de sobretaxa a produtos indianos e sugeriu que poderá aumentar ainda mais.
"Eu acho que vou aumentar substancialmente nas próximas 24 horas, porque eles estão comprando petróleo russo. Eles estão abastecendo a máquina de guerra e se eles continuarem fazendo isso, eu não vou ficar satisfeito", afirmou o norte-americano, em entrevista à rede de TV CNBC.
Dados do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo mostram que no primeiro semestre deste ano, a Índia foi o segundo maior comprador de petróleo russo, atrás da China e à frente da União Europeia. Apesar das sanções impostas a Moscou, os europeus ainda são também os principais importadores de gás da Rússia.
"Eles deverão encontrar um caminho pra excluir a União Europeia", diz a fonte do Itamaraty sobre o projeto de lei que está sendo discutido no Senado dos Estados Unidos.
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Na lista de compradores de derivados de petróleo, o Brasil é o terceiro, atrás da Turquia e da China e à frente da Índia, que aparece em quarto.
No primeiro semestre de 2025, 61% de todo o óleo diesel importado por empresas brasileiras vieram da Rússia. Antes da invasão da Ucrânia, os Estados Unidos eram o principal fornecedor do produto para o mercado brasileiro.