Acidente no Elevador da Glória em Lisboa: cabo que unia cabines cedeu antes do descarrilamento
De acordo com os peritos, a falha aconteceu no ponto de fixação do cabo dentro da cabine nº 1, que havia partido do topo da Calçada da Glória
Antonio Souza
com informações da Reuters
As primeiras análises feitas aos destroços do acidente com o Elevador da Glória, em Lisboa, ocorrido na última quarta-feira (3), apontam que a tragédia foi provocada pelo rompimento do cabo que unia as duas cabines do sistema. A informação foi confirmada pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) neste sábado (6).
"Do estudo feito aos destroços no local, foi de imediato constatado que o cabo que unia as duas cabinas cedeu no seu ponto de fixação dentro do trambolho superior da cabina nº 1 (aquela que iniciou a viagem no cimo da Calçada da Glória)", diz relatório da GPIAAF.
As autoridades analisaram toda a estrutura do bondinho. O trem era constituído por dois veículos, designados por cabines 1 e 2, com cerca de 14 toneladas cada.
As cabines são ligadas entre si por um cabo, que equilibra o peso de ambas através de um volante de inversão de grande diâmetro, localizado na parte superior da Calçada da Glória, em um compartimento técnico subterrâneo.
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De acordo com os peritos, a falha aconteceu no ponto de fixação do cabo dentro da cabine nº 1, que havia partido do topo da Calçada da Glória. Foi esse encaixe que acabou cedendo.
O relatório inicial destacou que o restante do sistema, como o cabo, o volante de inversão e as polias, estava em boas condições, bem lubrificado e sem sinais de defeito.
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A empresa municipal de transportes Carris informou que todos os protocolos de manutenção estavam em dia e estão sendo entregues às autoridades.
As investigações continuam para apurar por que o sistema de frenagem de emergência não conseguiu suportar a carga após o rompimento do cabo.
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Tecnologia obsoleta, diz presidente da OE
O presidente da Ordem dos Engenheiros de Portugal (OE), Fernando de Almeida Santos, afirmou que a falha expôs a necessidade de revisão da tecnologia usada nos funiculares da cidade, considerada obsoleta diante do aumento da demanda.
Segundo ele, a linha da Glória viu o número de passageiros triplicar na última década, e o uso de tecnologia moderna deve ser revisitado pelas autoridades.
"As autoridades precisam fazer algo mais para garantir a segurança desse tipo de funicular, porque a tecnologia, a engenharia e o conhecimento são muito maiores do que os deste século passado, e isso pode ser melhorado", disse ele.
Acidente deixou três mortos
Ao menos 16 pessoas morreram nesta quarta-feira (3) após o descarrilamento do Elevador da Glória, icônico bondinho que é um dos principais pontos turísticos de Lisboa, em Portugal.
O acidente também deixou cerca de 20 feridos. Imagens do local mostraram o elevador, que transporta pessoas para cima e para baixo em uma encosta na capital portuguesa, praticamente destruído, e equipes de emergência retirando vítimas dos destroços.
Os dois vagões da linha, cada um com capacidade para transportar cerca de 40 pessoas, são presos a extremidades opostas de um cabo de transporte, com tração fornecida por motores elétricos nos vagões que se contrabalançam.
Quando o carro que descia a ladeira de 265 metros perdeu a frenagem e descarrilou em uma curva, batendo em um prédio na esquina.
O Elevador da Glória tem capacidade para transportar até 42 pessoas. A linha, inaugurada em 1885, liga o centro de Lisboa, próximo à Praça dos Restauradores, ao Bairro Alto, famoso por sua vibrante vida noturna.