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Política

Declarações de Lula sobre Israel são criticadas por ONG judaica

Presidente executivo da StandWithUs Brasil, André Lajst, afirma que fala do presidente é equivocada, gera desconforto e pode reforçar o antissemitismo

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Lula em entrevista ao SBT | Foto: reprodução/Ricardo Stuckert
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O cientista político André Lajst, presidente executivo da StandWithUs no Brasil, ONG internacional de educação ligada à defesa de Israel e ao combate ao antissemitismo, comentou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entrevista exclusiva ao SBT Brasil.

Na ocasião, Lula afirmou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comete um genocídio na Faixa de Gaza e que "a comunidade judaica brasileira deveria cobrá-lo pelo que acontece na região".

Para Lajst, a fala do presidente brasileiro simplifica o conflito e ignora a atuação do Hamas.

"Eu acho que o presidente Lula peca pela simplicidade. Na forma como ele se refere ao conflito, como se Israel estivesse lutando contra mulheres e crianças na Faixa de Gaza e não existisse o Hamas, não existissem reféns ainda na Faixa de Gaza. Ele está atribuindo uma responsabilidade aos judeus brasileiros ou fazendo um pedido um pouco esquisito. Porque seria a mesma coisa que alguém falar que a diáspora palestina no Brasil deveria mandar uma carta para o Hamas para soltar os reféns. Ele deveria se desculpar perante a Comunidade Judaica Brasileira em relação às coisas que ele falou", disse o cientista político.

+Lula ataca Netanyahu e diz que comunidade judaica não deveria "defender genocida"

Lajst destacou ainda que a fala de Lula coloca em dúvida a identidade nacional dos judeus no Brasil, ao vinculá-los automaticamente às políticas do governo de Israel.

"O que é diferente nessa fala dele é que ele convida a comunidade judaica brasileira a mandar uma carta para o primeiro-ministro de Israel, Netanyahu, como se os judeus brasileiros tivessem algum tipo de ingerência sobre políticas israelenses. Ao fazer isso, ele comete dois erros. O primeiro é transformar os judeus brasileiros em estrangeiros no Brasil. Seria a mesma coisa que transformar qualquer outra minoria que vive no país em menos brasileiros. E isso é um problema muito sério, porque gera ódio aos judeus e antissemitismo."

O cientista político lembrou que episódios semelhantes já ocorreram no passado em países como a França do século XIX, quando judeus eram vistos como "bodes expiatórios" e não plenamente franceses. Segundo Lajst, a comunidade judaica no Brasil é plural e heterogênea, sem posição unificada sobre Netanyahu ou a política israelense, mas com ampla defesa do direito de Israel existir e se proteger do terrorismo.

"Ao falar isso, Lula acaba cometendo um segundo erro: ele está inferindo que os judeus brasileiros têm alguma responsabilidade ou influência sobre Israel, o que não é verdade. Os judeus brasileiros são brasileiros. A diplomacia brasileira deve lidar com a diplomacia israelense, não com a comunidade judaica do Brasil."

Para ele, as palavras do presidente têm impacto direto sobre o clima social e político.

"O que o presidente da República fala influencia pessoas, educa jovens e forma opiniões. Nos últimos dois anos, as declarações de Lula têm sido extremamente danosas para a comunidade judaica, para a segurança física dos judeus no Brasil e desastrosas para a política externa brasileira e para as relações entre Brasil e Israel."
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