Alerta de militares a Lula foi dado por causa de antecipação do calendário de ameaças de Maduro
Informação dos oficiais brasileiros era a de que o venezuelano só iria iniciar tensão na região em janeiro de 2024
Leonardo Cavalcanti
Os meses de janeiro são marcados por um aumento da tensão entre a Venezuela e a Guiana. Pelo menos era o que os militares brasileiros tinham em mente antes do início da escalada de Nicolás Maduro na região de Essequibo, no início deste mês. Com a antecipação do calendário de ameaças do venezuelano, oficiais das Forças Armadas alertaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a real possibilidade de conflito.
Por que isso importa: a escalada do governo venezuelano na região de Essequibo esteve relacionada à possibilidade de enfraquecimento dos presidentes Maduro e, antes, Hugo Chávez, morto em 2013. Dois janeiros, entretanto, são marcantes na memória de militares brasileiros:
- Em 7 de janeiro de 2021, Maduro emitiu decreto reivindicando 200 milhas náuticas de leito marinho a partir do Delta do Orinoco para a Venezuela, estendendo-se até onde a Guiana fez descobertas de petróleo.
- Quatorze dias depois, em 21 de janeiro de 2021, um navio-patrulha capturou dois barcos de pesca guianenses dentro da Zona Econômica Exclusiva da Guiana.
- Em 15 de janeiro de 2008, telegramas revelados pelo consórcio WikiLeaks apontam uma reunião do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto sobre o receio de Lula, então no segundo mandato, de que Chávez invadisse a Guiana.
Panorama geral: as ações de Maduro desta vez tiveram início com um mês de antecedência. No domingo (3.dez), eleitores venezuelanos foram às urnas e decidiram pela redefinição da fronteira do país com a Guiana. A região em disputa tem 160 quilômetros quadrados, considerada rica em pedras preciosas. Na 3ª feira (5.dez), o venzuelano divulgou novo mapa da Venezuela com parte da Guiana. Ele também apresentou projeto que regulamenta a formação do novo estado.
Pano de fundo: Lula e Maduro trocaram telefonema na manhã do último sábado sábado (9.nov). Na conversa, o brasileiro defendeu o diálogo entre países mas deixou claro que condena ações unilaterais que levem o conflito a uma escalada. Lula, conforme o *SBT News* antecipou, foi orientado por assessores a deixar claro que Maduro correria o risco de ficar isolado na América Latina caso continuasse com as ações na Guiana. A iniciativa do telefonem partiu do presidente venezuelano.