Imigrantes vivem clima de medo na Irlanda após protestos da extrema-direita
Ataque com faca, supostamente cometido por estrangeiro, motivou as manifestações
Yula Rocha
Imigrantes que moram na Irlanda estão convivendo com o clima de medo depois de protestos da extrema-direita, que provocaram o caos em Dublin. As manifestações foram convocadas após um ataque com faca, supostamente cometido por um estrangeiro. Um brasileiro, que trabalha como entregador na cidade, conseguiu impedir que a tragédia fosse maior.
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Caio Batista acordou rodeado pela imprensa e com seu rosto estampado nos jornais com a manchete de herói. O carioca, que migrou para Dublin com a família há um ano, explicou como, ao passar de moto pelo centro da cidade, parou para ver uma briga até se dar conta de que um homem, armado com uma faca, atacava uma menina na saída da escola.
Pai de duas crianças, Caio usou o próprio capacete para golpear a cabeça do agressor: "quando eu vi a faca, cara, eu joguei a moto no chão e fui pra cima do cara. Meu irmão, nem pensei em nada. Tirei meu capacete pra me proteger e dei-lhe uma p*** com o capacete na cabeça, que derrubou o cara".
Após a repercussão do caso, uma vaquinha online foi feita para ajudar o brasileiro e já arrecadou mais de R$ 1 milhão.
Entre os cinco feridos pelo agressor estão três crianças. A mais nova, uma menina de cinco anos, está internada em estado grave. O homem de cerca de 50 anos foi detido e a polícia investiga a motivação do crime -- mas já descartou a hipótese de terrorismo.
A informação de que ele seria um estrangeiro naturalizado irlandês não foi confirmada pelas autoridades, mas espalhou-se pelas redes sociais. Munidos de ódio e desinformação, cerca de 500 manifestantes de extrema-direita tomaram as ruas contra imigrantes.
Dublin testemunhou cenas de violência que não eram vistas há décadas, com ônibus e viaturas queimados e lojas saqueadas. 34 pessoas foram presas.
Os ataques na Irlanda, país historicamente de imigrantes, são resultado de uma crescente e preocupante radicalização de facções de extrema-direita ressentidas com a presença desses estrangeiros e refugiados na Europa. a polícia teme que esse não terá sido o único protesto violento.
