G7 pede pausa humanitária na Faixa de Gaza, mas não cita cessar-fogo
Reunião entre ministros das Relações Exteriores do grupo acontece em meio à crescente crise humanitária no território palestino. Número de mortos passa de 10 mil
Ministros das Relações Exteriores do G7 divulgaram nesta 4ª feira (8.nov) uma declaração pedindo por pausas humanitárias na guerra entre Israel e Hamas, com o intuito de permitir a entrada de água, alimentos, suprimentos médicos e combustível na Faixa de Gaza.
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O território palestino, moradia de mais de 2,3 milhões de pessoas, é alvo de intensos bombardeios israelenses desde 7 de outubro, em resposta ao ataque sem precedentes do grupo militante Hamas, que deixou 1,400 mortos no país, com cerca de 200 reféns. Em Gaza, o número de palestinos mortos é de 10.569, incluindo 4.324 crianças e 2.823 mulheres.
Segundo a última atualização do Ministério da Saúde palestino, divulgado nesta 4ª feira, 2.550 pessoas, incluindo 1.350 crianças, permanecem desaparecidas sob os escombros de prédios bombardeados por Israel. O número de feridos é de 26.475.
"Todas as partes devem permitir o apoio humanitário irrestrito aos civis, incluindo alimentos, água, cuidados médicos, combustível e abrigo, e acesso aos trabalhadores humanitários", afirmou a declaração, elaborada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e pelos chanceleres do Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Japão e Itália. "Apoiamos pausas e corredores humanitários para facilitar a assistência urgentemente necessária, a movimentação civil e a libertação de reféns."
Reunidos há dois dias em Tóquio, no Japão, as nações do Grupo dos Sete também reafirmaram o apoio a Israel e seu "direito à autodefesa", mas também denunciaram o aumento da violência "extremista" de colonos israelenses na Cisjordânia ocupada, e compartilharam a opinião de "uma solução de dois Estados" como sendo "o único caminho para uma paz justa, duradoura e segura"
Cessar-fogo
Como esperado, os diplomatas não pediram por "cessar-fogo". Questionado, Blinken afirmou ser de interesse de todos acabar com o conflito o "mais rápido possível", mas "aqueles que apelam a um cessar-fogo imediato têm a obrigação de explicar como abordar o resultado inaceitável que provavelmente resultaria: o Hamas repetir o dia 7 de outubro de novo e de novo e de novo."
Crise humanitária
A reunião acontece em meio ao agravamento da crise humanitária em Gaza e as críticas crescentes ao alto número de casualidades. Segundo a ONU, 70% da população do território, quase 1,5 milhão de pessoas, foi deslocada pelo conflito. Além disso, Israel vem danificando sistematicamente habitações e infraestruturas civis. No Norte de Gaza, palestinos não têm mais acesso à água, comida e insumos médicos.
Órgãos humanitários internacionais também não conseguem mais acessar a região para resgatar novas vítimas. No Sul, onde Israel afirmou ser uma região segura, a situação é de calamidade. Hospitais estão sobrecarregados, e sofrem com a escassez de insumos médicos básicos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), médicos estão realizando cirurgias de amputação sem anestesia.
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O bloqueio total imposto por Israel desde 9 de outubro também impede a entrada de combustível, obrigando o racionamento de energia nos hospitais, e impedindo o funcionamento de padarias, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), que também alerta para a escassez de água.
Desde a retomada da entrada de comboios de ajuda humanitária, em 21 de outubro, foram permitidos no território 650 caminhões. Antes do início das hostilidades, uma média de 500 caminhões entravam em Gaza diariamente.
A água que chega do Egito em garrafas e galões "satisfaz apenas 4% das necessidades de água dos residentes por dia", alertou o OCHA, com base numa atribuição de três litros por pessoa por dia para todos os fins, incluindo cozinha e higiene. Já a OMS classificou a quantidade de ajuda que conseguiu fornecer à Gaza até agora "uma gota no oceano" em comparação com as vastas necessidades.
Irã e Guerra na Ucrânia
Na esfera internacional, o G7 alertou o Irã para não participar do conflito e utilizar "sua influência" com o Hamas e o Hezbollah para "reduzir as tensões regionais". Na declaração, o G7 também reafirmou que a intensificação no conflito entre Israel e Hamas não afetará o apoio do grupo à Ucrânia em sua guerra com a Rússia.