Eva Fahidi, sobrevivente dos campos de concentração de Hitler, morre aos 97 anos
Húngara tinha apenas 18 anos quando foi deportada para Auschwitz/Birkenau com a família
A húngara Eva Fahidi, sobrevivente dos campos de concentração de Auschwitz e de Buchenwald, morreu na noite de 2ª feira (11.set), aos 97 anos, em Budapeste. A informação foi divulgada pela Fundação dos Memoriais de Buchenwald e de Mittelbau-Dora, que informou apenas que Eva estava com uma "doença de longa data".
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"Com grande tristeza, soubemos da morte de Eva Fahidi-Pusztai, uma combatente comprometida com a democracia e com os direitos humanos. Com ela, perdemos um amigo próximo. A sua voz, cheia de sabedoria elegante e de uma cordialidade assombrosa, fará falta a nós e ao trabalho de recordação na Europa", escreveu a Fundação.
Nascida em 22 de outubro de 1925, na cidade de Debrecen, Eva Fahidi tinha apenas 18 anos quando foi deportada para os campos de Auschwitz/Birkenau. Ao lado de outros 440 mil judeus, ela passou pela rampa de seleção, onde foi separada da mãe, da irmã mais nova e do pai. Eles, assim como outros 46 membros da família, foram mortos nos locais.
Eva foi salva pelas tropas norte-americanas, que libertaram os campos de concentração em março de 1945. Ela voltou para a Hungria, onde desistiu de seguir a carreira de pianista devido às sequelas dos trabalhos forçados. Eva, então, decidiu trabalhar no comércio de Budapeste e abriu uma empresa de artesanato chamada "Gili", em homenagem à irmã.
Em 2003, Eva decidiu visitar o campo de Auschwitz, na Polônia, que permanece conservado como um memorial para lembrar das atrocidades cometidas durante a era nazista. Após voltar ao local, ela decidiu quebrar o silêncio e compartilhar sua história.
Nos anos seguintes, Eva foi membro de dezenas de grupos voltadas ao Holocausto, incluindo o Memorial Buchenwald, para garantir que o destino das mulheres judias durante a Segunda Guerra Mundial não fosse esquecido. Ela também participou de campanhas pela condenação dos últimos sobreviventes que trabalharam nos campos de concentração.
"Somos avós e o destino dos nossos netos é o mais importante para nós. Eu me interesso pelo futuro com quatro netos. O melhor que eu posso desejar a eles - por mais utópico que pareça - é que criem uma vida destemida para si mesmos. Que construam uma sociedade democrática em que o ódio institucional é desconhecido", disse Eva, durante evento na Turíngia.
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