ONU cobra Brasil e pede investigação sobre mortes em ações policiais
Entidade solicitou que as apurações sigam as normas internacionais de Direitos Humanos
Jonas Kauffman
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) pediu que as autoridades brasileiras conduzam uma investigação "independente, completa e imparcial" sobre as 45 mortes registradas em operações policiais nesta semana, em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro.
O pronunciamento, divulgado nesta 5ª feira (3.ago), foi feito pela porta-voz da entidade, Marta Hurtado, em Genebra, na Suíça.
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"Estamos profundamente chocados com o alto número de assassinatos na última semana no Brasil, onde pelo menos 45 pessoas foram mortas em diferentes partes do país durante operações policiais supostamente destinadas a combater o narcotráfico e o crime organizado. Esses números fazem desta uma das semanas mais sangrentas em muitos anos", comentou a porta-voz.
Para a comissão, as ações seguiram outros casos de violência policial e supostas "execuções extrajudiciais" relatadas nos últimos anos, em circunstâncias que, na avaliação da ONU, nunca foram esclarecidas.
"Nos últimos anos, o total de mortes em operações policiais no Brasil diminuiu em parte, mas as mortes de afrodescendentes nas mãos da polícia aumentaram - a lacuna já existente está crescendo ainda mais", alertou.
Hurtado ainda defendeu que as mortes no País reforçam a necessidade de desenvolver e implementar políticas e práticas adequadas para prevenir violações de direitos humanos em abordagens policiais.
"Também lembramos às autoridades brasileiras que a força não deve ser usada, a menos que seja estritamente necessária e em total conformidade com os princípios da legalidade, precaução e proporcionalidade", finalizou.