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Charles III: o rei de transição do Reino Unido

Soberano de 74 anos caminha entre legado deixado por Elizabeth II e futura liderança de William

Imagem da noticia Charles III: o rei de transição do Reino Unido
Charles III assume reinado em meio à crise política e econômica no país | Reprodução/Royal Family
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A coroação do Rei Charles III, realizada neste sábado (6.mai), representa um momento de transição na monarquia do Reino Unido. O soberano irá trabalhar em meio ao legado deixado pela mãe, Elizabeth II, que usou a coroa por 70 anos, e à futura liderança do príncipe William, que deverá ser protagonizada por uma gestão contemporânea. A expectativa é que Charles consiga conciliar ambas as influências para moldar o pensamento da sociedade britânica, que continua, na maioria, conservador.

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Para Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM Porto Alegre e pesquisador visitante do Kings College London, Charles deverá aproveitar a estabilidade deixada por Elizabeth para focar em pautas climáticas e sustentáveis, visando, sobretudo, a contenção do aquecimento global. Projetos sociais também deverão estar em pauta na agenda do monarca, bem como esforços mais visíveis para conectar-se com minorias étnicas, já que o reinado será sobre um país multicultural e multirreligioso.

Apesar de não ter uma alta aprovação dos britânicos, ficando na 5ª colocação de um ranking de popularidade de integrantes da família real, tudo indica que o passado de Charles envolvendo a infidelidade à princesa Diana não afetará o novo reinado. Isso porque, apesar do monarca ainda não ser o favorito para ocupar o trono, a atual crise econômica e política registrada no país será a principal preocupação da população, deixando fofocas da família real em segundo plano.

Quadro de popularidade da família real | Reprodução/Ipsos

"Essas questões ficaram no passado. Algumas vezes elas retornam, como em séries ou filmes, mas me parece uma citação vencida", diz Uebel. "Conversando com os britânicos que são monarquistas, porque uma grande parte é republicana, acho que essa questão não será colocada à tona no reinado de Charles, até porque ele assume a coroa no momento em que o Reino Unido enfrenta uma crise política muito profunda. Ano que vem, por exemplo, terão as eleições parlamentares", acrescenta o professor.

A crise política no Reino Unido, que já vem desde 2016 com a saída de David Cameron do Partido Conservador, se intensificou em julho do ano passado, quando o então primeiro-ministro Boris Johnson renunciou ao cargo. A decisão foi tomada após o partygate - escândalo que envolveu a realização de festa e reuniões na sede do governo britânico durante o período de lockdown contra a pandemia de Covid-19 - e a nomeação do parlamentar Chris Pincher, acusado de má conduta sexual. 

Depois da renúncia, o cargo foi ocupado por Liz Truss, que, devido à impopularidade, deixou a cadeira em apenas dois meses, sendo substituída pelo atual premiê do país, Rishi Sunak. Desde então, o político vem enfrentando uma forte crise econômica, com a inflação variando entre um e dois dígitos, sobretudo devido à guerra na Ucrânia e à saída do país da União Europeia - movimento conhecido como Brexit. Com o custo de vida mais alto, cada vez mais famílias e negócios precisam lutar para sobreviver.

Relevância da coroa britânica

Outro cenário que deverá ser abordado por Charles III é a relevância da coroa britânica. Isso porque, nos últimos anos, o interesse e apoio à monarquia vem caindo no Reino Unido, já que o rei não exerce poder de fato. Uma pesquisa realizada em abril pelo Instituto YouGov, por exemplo, mostrou que 42% dos britânicos acreditam que um chefe de Estado eleito democraticamente seria melhor do que a sucessão de reis e rainhas no país.

Outro balanço, também realizado em abril, indicou que dois terços dos britânicos não estão interessados na coroação, sobretudo por acreditar que Charles está "desconectado" dos cidadãos. A maior parte dos relatos é feita por jovens entre 18 e 24 anos - faixa etária líder no desinteresse por assuntos envolvendo família real (78%). 

"A popularidade da monarquia oscila muito ao longo dos anos. Com o jubileu de platina da rainha Elizabeth II, em 2022, houve um aumento do interesse no assunto. Mas, de fato, hoje a monarquia existe mais como uma figura simbólica de representação da soberania britânica do que como representação política. Ela ainda gera um interesse que se traduz no turismo, mas ainda perde para fãs de Harry Potter, por exemplo", explica Uebel.

Assista ao vivo a coroação de Rei Charles III:

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