Sojicultura afeta reciclagem natural do nitrogênio e impacta meio ambiente
Estudo da USP alerta para efeitos como acidificação do solo, que já acontece na Europa
Pablo Valler
A crise ambiental da União Europeia é causada, principalmente, pela acidificação dos seus ecossistemas com as altas taxas de emissão de nitrogênio. Problema causado, em sua maioria, pela pecuária -- setor responsável por 17% das emissões de gases de efeito estufa do bloco.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
No Brasil, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP) chama atenção para o ciclo do nitrogêncio nas lavouras de soja.
"O ciclo do nitrogênio [na sojicultura] não é concluído. Está desconectado. Onde se produz nitrogênio não é onde se consome e não é onde se tem a excreção dele. Então, as coisas não têm uma circularidade e isso aumenta, e muito, o impacto ambiental", disse a autora do estudo Vanessa Theodoro Rezende, ao Jornal da USP.
As lavouras de soja não estariam sobre um solo no qual o elemento químico se recicla. Não dá tempo de circular na biofera por conta da agilidade da escala industrial de produção e exportação. Fora isso, muito é "injetado" como um "enriquecedor" nutricional. A agricultura acumula nitrogênio.
Entretanto, o elemento químico deveria concluir seu ciclo para que não se diminua a quantidade existente na atmosfera, de 78%. É essencial tanto para as plantas, que precisam desse nutriente para se desenvoler, como para os humanos.
A falta causa a acidificação, como já acontece na Holanda. Além disso, a reação diminui também a quantidade de oxigênio disponível na água. A prática emite ainda o óxido nitroso, gpas de efeito estufa 298 vezes mais pesado que o dióxido de carbono. "Como o Brasil ainda não chegou a esse nível de preocupação visto na Europa, nós ainda podemos fazer muita coisa. Temos que agir agora", diz a pesquisadora.
Veja também: