Biden demonstra confiança com recepção oferecida ao Brasil
Duração do encontro, local onde Lula foi recebido e outros detalhes demonstram aceno positivo dos EUA
Patrícia Vasconcellos
Washington DC -- No horário previsto, todos a postos. O carro que trazia a bandeira nas cores verde, amarelo, azul e branco apontou no gramado sul, com alguns minutos de atraso. Entre os jornalistas que cobrem diariamente a Casa Branca, era grande a expectativa pela chegada do presidente brasileiro. Lula e a primeira-dama Janja foram recebidos na última sexta-feira, dia 10, numa área considerada de prestígio. Ali foram recepcionados recentemente Volodmir Zelenskyy e Emmanuel Macron. Biden surgiu sozinho. Jill Biden, a primeira dama americana, sentiu uma indisposição, explicou mais tarde o governo americano. Um teste de Covid foi feito e deu negativo. Janja fez um tour pela residência oficial americana e recebeu flores com um cartão assinado pelo casal Biden.
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Enquanto isso, Biden e Lula caminhavam pelo Rose Garden em direção ao Salão Oval. O presidente americano, por várias vezes, apoiou a mão sobre o ombro do presidente brasileiro. "Hi folks!", disse Biden, quando olhou para a imprensa posicionada no gramado. Os dois passaram pelos fotógrafos, agrupados em um espaço ao fim do corredor. Os cliques das máquinas que em minutos levariam as imagens do encontro para os jornais do mundo foram interrompidos pelas perguntas em inglês com diferentes sotaques. "Quando o senhor vai ao Brasil? Presidente, qual sua mensagem para os sindicalistas americanos? Foram os chineses ou não?", questionou o último colega, tentando uma resposta sobre mais um artefato voador encontrado no espaço aéreo americano.
Biden e Lula entraram no escritório e deram início à conversa. Primeiro falou o americano, em seguida o brasileiro. No total, pouco mais de treze minutos com a ajuda de intérpretes. Lula vestia uma gravata das cores do país. Biden estampava o azul do partido Democrata. "Somos as duas maiores democracias da América. Brasil e Estados Unidos se unem para condenar os ataques às nossas instituições" disse Biden. Lula disse que o país se isolou internacionalmente nos últimos anos e citou o antecessor. "Conheço isso", sorriu o americano. Dos temas tratados ali e do comunicado conjunto emitido horas depois - notícias já amplamente divulgadas - chamaram a atenção os detalhes dos protocolos.
Biden e Lula se reuniram por pouco mais de uma hora sendo que o tempo previsto na agenda era menor. As equipes dos dois países estiveram juntas por quase duas horas. Sinal de engajamento. Outro ponto a ser observado foi o anúncio, na sexta-feira (10), de que o presidente brasileiro falaria com a imprensa na Casa Branca sem a presença de Biden. Algo incomum. As coletivas com chefes de Estado, normalmente, são conjuntas. A questão é que Biden tem evitado esses eventos. Desde a posse, há dois anos, deu poucas entrevistas coletivas completas, agendadas, no interior da Casa Branca. Recentemente, abriu outras ao lado de líderes como Macron e Zelenskyy. Exemplos recentes sem a intenção de que isso vire rotina pelo fato de que o Democrata deseja - ao que parece - ouvir mais e falar menos.
+ Comunicado conjunto de Brasil e EUA será aceno mútuo positivo
Ao oferecer o púlpito do West Wing para Lula conversar com a imprensa brasileira e estrangeira, com porta de entrada do Salão Oval de fundo, o anfitrião demonstrou respeito e deu um voto claro de confiança ao líder visitante. Ao mesmo tempo, o presidente americano não precisou responder às inúmeras questões que surgiriam sobre política interna e externa.
Do texto assinado pelos líderes dos dois países, questões sobre o fortalecimento das democracias, o interesse de investimento americano para proteção da Amazônia, o conflito entre Kiev e Moscou e a sugerida mudança na composição do Conselho de Segurança da ONU, um parágrafo, ao fim, foi também destaque. Biden aceitou o convite para visitar Brasília, ainda sem data marcada.
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