"Nunca devemos esquecer ou negar", diz chefe da ONU sobre Holocausto
António Guterres relembrou horrores nazistas que resultaram na morte de 6 milhões de judeus
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou que a população nunca deve esquecer, distorcer ou negar o Holocausto. Em declaração nesta 6ª feira (27.jan), data dedicada às vítimas da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, o diplomata reforçou o perigo em disseminar mensagens de ódio, que, junto ao silêncio das autoridades, pode encorajar atos semelhantes.
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"O silêncio ensurdecedor ocorreu apesar do discurso de ódio e das campanhas de desinformação da Alemanha nazista, do desprezo pelos direitos humanos e pelo Estado de Direito, da glorificação da violência e das histórias de supremacia racial e do desdém pela democracia e pela diversidade", disse Guterres. "É um chamado para todos nós: nosso mundo hoje não está imune ao veneno do ódio", completou.
Pelas redes sociais, o secretário-geral compartilhou ainda uma foto do "Livro dos Nomes", que detalha alfabeticamente o nome de cada uma das cerca de 4,8 milhões de vítimas do Holocausto que o Yad Vashem, o Centro Mundial de Lembrança do Holocausto, documentou e confirmou até agora. Sempre que possível, o livro mostra a data de nascimento, cidade natal e local de morte de cada vítima.
I thank @yadvashem for bringing this moving exhibition to the @UN, which goes to the heart of their mission: to give the millions who perished in the Holocaust an everlasting name.
? António Guterres (@antonioguterres) January 26, 2023
Let us forever keep the memory of the past alive ? and never let others forget either. pic.twitter.com/2PVHJnzQig
Guterres ressaltou, no entanto, que mais de 1 milhão de vítimas permanecem não identificadas. Isso porque, na década de 1930, os judeus alemães foram forçados a adotar um nome adicional: "Israel" para os homens e "Sarah" para as mulheres. Posteriormente, com a guerra, os prisioneiros em campos de concentração foram ainda mais desumanizados, tendo os nomes substituídos por um número tatuado nos antebraços.
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"Primeiro roubados de seus nomes, depois de suas vidas. Nenhum cemitério, nenhuma lápide, nenhum vestígio permanece. Os seis milhões de crianças, homens e mulheres judeus estão perdidos para sempre. Mas a sua memória - e os seus nomes - nunca serão esquecidos. Juntos, vamos manter para sempre viva a memória do passado - e nunca deixar que os outros se esqueçam também", afirmou o líder da ONU.
Ainda nesta 6ª feira, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, publicou uma mensagem em respeito às vidas perdidas durante o período de extermínio. "O sofrimento de seis milhões de judeus assassinados inocentemente não será esquecido - assim como o sofrimento dos sobreviventes. Para garantir que nosso 'Nunca Mais' dure no futuro, estamos lembrando de nossa responsabilidade histórica no dia da Memória do Holocausto", escreveu.
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O dia 27 de janeiro foi escolhido pela ONU como "Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto". A data se refere à libertação de Auschwitz, na Polônia, o maior e mais terrível campo de concentração nazista, onde milhares de judeus foram exterminados, sobretudo em câmaras de gás. A libertação do local foi realizada pelo Exército Vermelho da Rússia, em 1945, após derrota dos alemães no campo de batalha.