"Até os ossos": Uma história bizarra, mas cheia de sensibilidade
Nunca o horror esteve tão em sintonia com o romance como neste filme que estreia nesta 5ª feira

Cleide Klock
Esse filme pode revirar seu estômago, levantar questões morais e éticas, abrir diversas discussões. "Até os ossos", que estreia nesta 5ª feira (1.dez) no Brasil, fala de canibalismo, porém, apesar disso, não é apenas mais um filme de terror, é um drama romântico sobre busca de respostas, de descobertas e aprendizado.
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Pessoas que não se encaixam no que é aceitável para a sociedade, marginalizadas pelas condições que elas mesmas não conseguem entender. Essa trama pode ser vista como uma metáfora da vida de muitos que de uma forma ou de outra precisam sobreviver diante de suas próprias necessidades.
O começo do filme já é um soco no estômago para preparar o espectador e, logo nas primeiras cenas, Maren, personagem de Taylor Russell, mostra a sua natureza canibal, mas vai muito além disso. Abandonada pelo pai e ouvindo uma fita cassete contando sua história, ela entra na jornada de encontros e desencontros.
"Acho que diria que Maren é uma pessoa que está tentando descobrir se pode ser amada por ser como ela é, e se existe uma maneira de viver que pareça ética ou sustentável com sua verdade e o ímpeto de seus desejos. E também tem toda a brutalidade de se transformar em uma mulher adulta", conta a atriz Taylor Russell.

O filme é baseado no romance homônimo de Camille DeAngelis e acompanha a adolescente Maren nas rotinas de abandono e buscas. Pelo caminho, neste que é um filme que pega a estrada pelo coração dos Estados Unidos, o espectador embarca em uma viagem com fotografia belíssima e trilha sonora clássica dançante no tom dos anos de 1980. Em meio a aterrorizante realidade e a encontros com outros com a mesma condição - que conseguem se cheirar de longe - nasce o amor que transforma a trama de terror em romance. A história bizarra em um enredo cheio de sensibilidade e melancolia.
"O tema principal do filme é a solidão, perda, e o amor, claro. O que herdamos de nossos ancestrais e que passamos adiante, o que tentamos quebrar ciclicamente em nossas vidas, se é possível quebrar ciclos e criar novos", diz Taylor.

O filme foi dirigido pelo italiano Luca Guadagnino e Timothée Chalamet ("Duna") que interpreta Lee, o companheiro e par romântico de Maren também brilha em uma atuação perfeita. Mas, é Mark Rylance ("Ponte dos Espiões") quem rouba a cena cada vez que aparece. Ele interpreta Sully, um canibal mais experiente e que tem tudo para ganhar mais uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, caso os votantes se desprendam das controvérsias, já que o tema é sensível e o filme não é para todos.