Desmatamento atual está longe das metas acordadas na COP26, diz estudo
Perda florestal prejudica recuperação de biodiversidade e contenção do aquecimento global
O ritmo de desmatamento global diminuiu modestamente em 2021 (6,3%), ficando longe das metas para conter a perda e degradação florestal até 2030, acordadas em Glasgow, na Escócia, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26). A projeção é da Forest Declaration Assessment, que apontou para a destruição de 6,8 milhões de hectares no ano passado - área do tamanho da Irlanda.
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Dentre os países analisados, o Brasil lidera o ranking de perda florestal em números absolutos: foram 2,33 milhões de hectares desmatados em 2021, aumento de 3% no período de 2018-2020. Em seguida, estão a Bolívia, a República Democrática do Congo e o Paraguai, todos com 260 mil até 530 mil hectares desmatados.
No momento, a Ásia tropical é a única região a caminho de deter o desmatamento até 2030, sobretudo devido à Indonésia - único país a reduzir a taxa de devastação para cada um dos últimos cinco anos - e à Malásia. O cenário também foi identificado na África tropical, Gana e Costa do Marfim. "Tais progressos foram frutos de mandatos governamentais e ações efetivas e colaborativas de empresas e líderes da sociedade civil", diz o texto.
Mesmo que a cobertura florestal tenha aumentado em cerca de 130,9 milhões de hectares de 2000 a 2020 - área ligeiramente maior que a do Peru -, os ganhos não são suficientes para compensar os hectares perdidos devido ao desmatamento. Isso porque, segundo o estudo, a perda de florestas primárias não pode ser substituída apenas por atividades de reflorestamento e arborização, uma vez que as áreas precisam permanecer intactas.
"Enviamos outro sinal de alerta de que os esforços para deter o desmatamento não são suficientes e não estamos no caminho certo para atingir nossas metas para 2030. Não há caminho para o cumprimento da meta de 1,5º C estabelecida no Acordo de Paris ou reverter a perda de biodiversidade sem parar o desmatamento e a conversão. É hora de uma liderança ousada e de soluções ousadas para reverter essa tendência alarmante", diz Fran Price, líder global de práticas florestais do World Wildlife Fund.
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Ele ressalta que, para cumprir a meta de restaurar 350 milhões de hectares de paisagem florestal, o financiamento deve aumentar em 200 vezes os níveis atuais, passando de US$ 2,3 bilhões anuais para 460 bilhões anuais. Parte do recurso deve ser enviado aos povos indígenas e comunidades locais, uma vez que, atualmente, o financiamento cobre apenas 3% das garantias de posse e preservação dos territórios.