EUA anunciam plano para deportar venezuelanos para o México
País enfrenta uma crise na fronteira, com 25 mil imigrantes venezuelanos detidos só em agosto deste ano
Diante do aumento dramático de imigrantes sul-americanos detidos na fronteira com o México, os Estados Unidos anunciaram um plano que visa deportar cidadãos venezuelanos para o país vizinho.
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Com efeito imediato, os venezuelanos que cruzarem a fronteira a pé ou nadando serão imediatamente devolvidos ao México sob a ordem de saúde pública conhecida como Título 42, implementada na pandemia, e que permite ao governo norte-americano expulsar imigrantes ilegais para evitar a disseminação do coronavírus. Até então, o México só aceitava receber imigrantes deportados sob essa lei da Guatemala, Honduras e El Salvador.
A má relação diplomática entre Estados Unidos e Venezuela também impedia que Washington deportasse os imigrantes de volta ao país de Nicolás Maduro. O Título 42 foi usado 2,3 milhões de vezes desde março de 2020, mas aplicado apenas 2.453 vezes aos venezuelanos, que, em agosto, tornou-se a segunda maior nacionalidade a chegar à fronteira norte-americana, ultrapassando a Guatemala e Honduras.
Junto com o anúncio desta 4ªfeira (12.out), o governo de Joe Biden também informou uma outra medida que irá aceitar 24 mil imigrantes venezuelanos por via aérea. O programa é baseado em outro plano de imigração dos Estados Unidos, o "Unindo pela Ucrânia", que permite a entrada legal de 100 mil refugiados do país para estadias de até dois anos.
As ações, de acordo com o secretário de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, " deixam claro que existe uma maneira legal e ordenada para os venezuelanos entrarem nos Estados Unidos, e a entrada legal é a única maneira"
"Aqueles que tentarem cruzar a fronteira sul dos Estados Unidos ilegalmente serão devolvidos ao México e serão inelegíveis para esse processo no futuro. Aqueles que seguirem o processo legal terão a oportunidade de viajar com segurança para os Estados Unidos e se qualificar para trabalhar aqui.", reforçou.
Os venezuelanos que se inscreverem e forem selecionados chegarão aos Estados Unidos por meio de um aeroporto. Assim como os ucranianos, eles terão que apresentar um patrocinador financeiros, ou seja, alguém que seja cidadão norte-americano ou esteja legal no país terá que se responsabilizar pela estadia.
O governo norte-americano não informou como chegou na quantia de 24 mil imigrantes e nem como os venezuelanos irão chegar ao país, já que atualmente não há voos permitidos da Venezuela. Questionados, funcionários do governo informaram que os imigrantes não precisam estar na Venezuela para serem elegíveis e podem aplicar pelo visto de outros países.
Também resta saber quantos imigrantes venezuelanos serão aceitos pelo México. Em comunicado, o México disse que "permitirá temporariamente que alguns cidadãos venezuelanos" sejam devolvidos. As 24.000 vagas que os EUA estão oferecendo é menor do que o número de venezuelanos que cruzaram a fronteira ilegalmente apenas em agosto. Foram 25.349.
Estima-se que 6,8 milhões de venezuelanos fugiram do país desde que a economia despencou em 2014, principalmente para países da América Latina e do Caribe. Mas a força relativa da economia dos EUA desde a pandemia fez com que muitos tentassem cruzar a fronteira.
* Com informações da Associated Press