Varíola dos macacos: França apura 1º caso de transmissão de humano para cão
O animal, da raça galgo italiano, tem 4 anos e apresentou lesões na pele, incluindo pústulas
A França teve o primeiro caso do mundo de um cão com varíola dos macacos que pode ter contraído a doença por transmissão humana, segundo um estudo publicado na última semana na revista científica The Lancet. O animal, da raça galgo italiano, tem 4 anos e apresentou lesões na pele, incluindo pústulas -- pequenas elevações com pus -- no abdômen e uma úlcera no ânus, 12 dias após seus donos apresentarem os primeiros sintomas de monkeypox.
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Um teste foi realizado no cão, e a infecção pela varíola dos macacos foi confirmada. Anteriormente, os donos, um homem latino, de 44 anos, que tem HIV com cargas virais indetectáveis em exames e um homem branco, de 27 anos, sem HIV, que são parceiros, se relacionam com outras pessoas e moram na mesma casa, foram diagnosticados com a doença após comparecerem em 10 de junho, com sintomas, ao hospital parisiense Pitié-Salpêtrière. Ambos apresentaram úlceras no ânus seis dias depois de terem relação sexual com outras pessoas. O primeiro homem teve ainda erupções no rosto, nas orelhas e nas pernas. Já o segundo, nas pernas e nas costas. Além disso, os dois sentiram dores de cabeça, febre e perda da força física quatro dias após o aparecimento das erupções.
Ainda de acordo com o estudo, as sequências de DNA do vírus presente no cachorro e no primeiro homem foram comparadas, e os patógenos identificados eram idênticos. Eles pertenciam à linhagem B.1, que infectou mais de 1,7 mil pessoas na França, principalmente em Paris, e desde abril se espalha por países não endêmicos.
Os homens disseram que dormem juntos com o cão e que evitaram deixá-lo entrar em contato com outros animais de estimação ou humanos quando tiveram os primeiros sintomas de monkeypox. Conforme o estudo, infecção por varíola dos macacos entre animais domésticos nunca foi relatada.
"Até onde sabemos, a cinética do início dos sintomas em ambos os pacientes e, subsequentemente, em seu cão, sugere a transmissão do vírus da varíola de macaco de humano para cão. Dadas as lesões de pele e mucosa do cão, bem como os resultados positivos de PCR do vírus da varíola dos macacos de swabs anais e orais, hipotetizamos uma doença canina real, não um simples transporte do vírus por contato próximo com humanos ou transmissão aérea (ou ambos). Nossas descobertas devem estimular o debate sobre a necessidade de isolar animais de estimação de indivíduos positivos para o vírus da varíola dos macacos. Apelamos a uma investigação mais aprofundada sobre transmissões secundárias através de animais de estimação", acrescenta o trabalho publicado na Lancet.
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