"Caminho de reconciliação e cura", diz papa sobre viagem ao Canadá
Em meio à encontro com indígenas, Francisco reconheceu abusos entre 1912 e 1970
Camila Stucaluc
O papa Francisco comentou pela primeira vez sobre a viagem ao Canadá. Em audiência nesta 4ª feira (3.ago), o pontífice classificou a "peregrinação penitencial" como um caminho de reconciliação e cura que, além de reconhecer os trágicos abusos de indígenas em internatos católicos, promoveu, sobretudo, uma "conversão e mudança de mentalidade".
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"Com efeito, a principal motivação era encontrar os povos originais para lhes expressar a minha proximidade e tristeza, e pedir perdão pelo mal que lhes foi causado por aqueles cristãos, incluindo muitos católicos, que no passado colaboraram nas políticas de assimilação forçada e de resgate dos governos daquela época", disse o papa.
Francisco afirmou ainda que, apesar do motivo triste para a visita, muitos momentos foram de alegria, principalmente devido aos encontros entre as populações. Ele ressaltou, no entanto, que o sentido e o tom geral da viagem foram de reflexão, arrependimento e reconciliação.
"Perante os Governantes, os Líderes indígenas e o Corpo diplomático, reafirmei a vontade ativa da Santa Sé e das Comunidades católicas locais de promover as culturas originais, com caminhos espirituais apropriados e com atenção aos costumes e línguas dos povos. Trata-se, portanto, de recuperar um equilíbrio saudável", afirmou o pontífice.
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A peregrinação durou seis dias e contou com visitas às comunidades indígenas locais, que foram vítimas dos abusos físicos e psicológicos por funcionários de internatos católicos entre 1912 e 1970. "Foi um momento muito doloroso, mas era preciso encarar de frente: temos que encarar de frente os nossos erros, os nossos pecados", frisou Francisco.