Trump na mira do Departamento de Justiça americano
Informação sobre investigação foi publicada por jornais no dia em que Trump visitou a capital americana
Washington DC - A notícia, até o fim da tarde, era a volta do ex-presidente americano à capital Washington. A última vez que Donald Trump esteve aqui foi no dia 20 de janeiro do ano passado, data em que deixou o cargo. Trump foi para a Flórida, onde fixou residência, e Joe Biden assumiu a Casa Branca. No começo da noite, o foco se tornou a notícia estampada no Washington Post que afirma: segundo o jornal, o Departamento de Justiça americano tem ouvido testemunhas ligadas ao ex-presidente para saber de suas ações em uma investigação sobre a invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021. Horas depois da publicação do Washington Post, o New York Times cofirmou a apuração.
Até então, a investigação do Comitê do Congresso - composta por legisladores - era de conhecimento público. A notícia desta 3ª feira (26.jul) traz um capítulo novo. Segundo os jornais americanos, a justiça tomou ação para investigar os atos do ex-presidente em relação à invasão da sede do legislativo no ano passado. Segundo o New York Times, um processo criminal contra Trump ainda não foi aberto. O que existe, de acordo com a publicação, é um questionamento de pessoas ligadas à Trump para que elas deem detalhes do que aconteceu naquele período. O Washington Post afirma que os promotores de justiça apreenderam conversas telefônicas de ex-assessores de Trump e o conteúdo está em análise.
Mais cedo, antes da divulgação da notícia da ação tomada pelo Departamento de Justiça, Trump reverberou - mais uma vez - afirmações como a de defender a venda livre de armas no país apesar do número crescente dos tiroteios em massa. No evento do hotel, na capital Washington, o ex-presidente fechou uma série de discursos de uma convenção chamada "Primeira cúpula política da América". Em dois dias, o lugar reuniu nomes como a ex-porta-voz do governo Trump, Sarah Sanders, representantes da sociedade civil que apoiam o ex-presidente e políticos republicanos.
Trump confirmou que pretende concorrer nas eleições de 2024. Para que isso aconteça, precisará lidar com dois fatores. O primeiro, a disputa dentro do partido republicano. Mike Pence, seu ex-vice-presidente, também discursou no evento e deu indicações que pode ser um nome para o próximo páreo presidencial. "É preciso olhar para o futuro e não ficar estancado no passado" disse Pence que foi figura central da última audiência pública no Congresso que investiga a invasão no Capitólio. Testemunhas ouvidas pelos legisladores afirmam que o ex-vice-presidente americano foi o responsável por chamar as forças de segurança para o Congresso para expulsar os invasores. Pence estava no local porque presidia a sessão que confirmou os votos do colégio eleitoral que confirmavam Biden novo presidente do país. Trump, segundo o Comitê do Congresso, incitou a multidão e não agiu para pará-los.
Do lado de fora do hotel, nesta 3ª, imagens de um país ainda dividido. Um caminhão circulava pelo quarteirão com um luminoso que exibia a mensagem: "Bem vindo de volta a Washington DC, Donald... Você perdeu." Sadie, americana que protestava contra a presença do republicano na capital do país disse: "É inaceitável e uma vergonha que este hotel tenha permitido que ele discurse aqui". Sadie considera Trump responsável pela invasão do Capitólio. Do outro lado da rua, Beatriz segurava uma bandeira dos Estados Unidos. Ela afirma que veio de Minnessota para participar de um evento e aproveitou para estar ali e demonstrar apoio à Donald Trump.
Os questionamentos do Departamento de Justiça à testemunhas que podem dar detalhes sobre a invasão do Capitólio se unem a uma outra notícia. Recentemente, Steve Bannon, ex estrategista de Donald Trump, foi condenado por desacato ao Congresso porque não compareceu no dia marcado para falar com os legisladores. A pena de Bannon será divulgada em outubro. Pode ser de no mínimo 30 dias ou no máximo 2 anos de reclusão.