Papa Francisco define viagem ao Canadá como "peregrinação penitencial"
Encontro com indígenas acontece após Igreja Católica se desculpar por abusos entre 1912 e 1970
Camila Stucaluc
O papa Francisco confirmou a ida ao Canadá entre os dias 24 e 30 de julho. Em pronunciamento no domingo (17.jul), o pontífice classificou a viagem como "uma peregrinação penitencial", que terá como principal objetivo a reconciliação com a população indígena local, vítima de abusos pela Igreja Católica entre 1912 e 1970.
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"Estou para fazer uma peregrinação penitencial e espero que, com a graça de Deus, possa contribuir para o caminho de cura e reconciliação já percorrido. Infelizmente, no Canadá, muitos cristãos, incluindo alguns membros de institutos religiosos, contribuíram para as políticas de assimilação cultural que, no passado, atingiram gravemente as comunidades nativas", disse o papa.
A programação de Francisco no território canadense foi divulgada pelo Vaticano em maio. No entanto, devido aos constantes problemas no joelho, não havia confirmação para a visita. Esta será a 38ª viagem apostólica do pontífice, que desembarcará nas cidades de Edmonton, Québec e Iqaluit.
A viagem de Francisco acontece após a Igreja Católica do Canadá apresentar um pedido formal de desculpas aos povos indígenas após a descoberta de mais de mil túmulos perto de antigos internatos católicos, ativos entre 1912 e 1970. Os locais tinham como objetivo cristianizar os moradores e assimilá-los na sociedade. No total, estima-se que 150 mil crianças foram forçadas a frequentar as escolas.
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Uma semana após o pedido de desculpas, a Igreja prometeu doar US$ 30 milhões às famílias das vítimas, que sofreram frequentes abusos sexuais e físicos por parte dos professores. Em nota, a entidade afirmou que o recurso seria o primeiro passo para "amenizar" o trauma histórico e contínuo causado pelo sistema escolar residencial.