Reunião do G20 é marcada por tensões causadas pela guerra na Ucrânia
Esnobado pelos EUA e UE, chanceler russo se reuniu com ministros das Relações Exteriores do Brasil, China, Índia, Argentina e Indonésia
Giovanna Colossi
Apesar da agenda focada na manutenção do multilateralismo, segurança alimentar e energética, a reunião ministerial do G20, em Bali, na Indonésia, nesta 6ªfeira (8.jul), foi dominada pela guerra na Ucrânia.
Ministros das Relações Exteriores das vinte principais economias do mundo se reuniram na ilha balneária, incluindo o chanceler russo Sergey Lavrov, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, além de colegas europeu. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, também participou do encontro que antecede a cúpula do G20 em novembro.
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Em seu discurso na sessão de abertura, a ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, pediu unidade entre o grupo.
"O mundo ainda não se recuperou da pandemia, mas já estamos enfrentando outra crise: a guerra na Ucrânia", disse Marsudi na reunião. "Os efeitos em cascata estão sendo sentidos globalmente nos alimentos, na energia e no espaço físico."
Ela observou que os países pobres e em desenvolvimento agora enfrentam o peso da escassez de combustível e grãos resultantes da guerra na Ucrânia e disse que o G20 tem a responsabilidade de se preparar para lidar com o assunto ou corre o risco de perder a fé do mundo nas regras multilaterais internacionais baseadas na ordem que emergiu após a Segunda Guerra Mundial.
Apesar do apelo de Marsudi, não houve uma foto de todos os ministros e nem um comunicado final declarando se algum acordo havia sido feito durante a reunião.
Embora estivessem presentes na mesma sala ao mesmo tempo pela primeira vez desde o início da guerra, Blinken e Lavrov ignoraram um ao outro. Lavrov chegou a deixar a reunião duas vezes durante os discursos da chanceler alemã Annalena Baerbock e do ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba. A Ucrânia não faz parte do G20, mas foi convidada a falar.
A repórteres após a reunião, Lavrov criticou os Estados Unidos e Ocidente. "Agressores, invasores, ocupantes. Ouvimos muitos nomes hoje e todos nos exortavam a parar esta operação e chegar a uma solução pacífica.", afirmou o chanceler, que culpou a Ucrânia pela interrupção nas negociações de paz. "Se for negociar a paz, então essas negociações foram interrompidas pela Ucrânia."
Mesmo esnobado pelos Estados Unidos e União Europeia, o representante russo se encontrou com ministros da China, Índia, Argentina, Indonésia e Brasil. Lavrov e Carlos França conversaram sobre a continuidade do fornecimento de fertilizantes e expressaram preocupação com o impacto das sanções contra a Rússia na segurança alimentar e energética.
Os membros do G20 representam cerca de 80% da produção econômica mundial, dois terços da população mundial e cerca de três quartos do comércio global.
* Com informações da Associated Press