Filho do ditador Ferdinand Marcos assume a presidência das Filipinas
Conhecido popularmente como 'Bongbong', Marcos Jr. chega ao poder 36 anos após a revolta popular que derrubou seu pai
Giovanna Colossi
O novo presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., filho do ditador de mesmo nome, tomou posse como presidente do país nesta 5ªfeira (30.jun)
Mais conhecido pelo apelido de Bongbong, Marcos Jr chega ao poder 36 anos após uma revolta popular apoiada pelo exército ter expulsado seu pai, Ferdinand Marcos, do cargo para a infâmia global. Em seu discurso de posse, defendeu o legado do falecido pai, que segundo ele realizou muitas coisas que não eram feitas desde a independência do país.
"Ele conseguiu, às vezes com o apoio necessário, às vezes sem. Assim será com seu filho", disse ele sob aplausos de seus apoiadores na multidão. "Você não terá desculpas de mim."
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Contestado por opositores e vítimas da repressão sangrenta do seu pai, Bongbong teve uma vitória eleitoral com ampla vantagem em maio deste ano, ao lado da vice-presidente Sara Duterte. Foi a primeira vitória presidencial majoritária nas Filipinas em décadas.
Marcos Jr. sucede o presidente Rodrigo Duterte, que presidiu uma brutal campanha antidrogas que deixou milhares de suspeitos, em sua maioria pobres, mortos. Os assassinatos são investigados pelo Tribunal Penal Internacional como um possível crime contra a humanidade.
Tanta bagagem histórica e antagonismos perseguirão Marcos Jr. durante os seis anos de presidência iniciada em um momento de intensas crises.
As Filipinas estão entre os países mais atingidos na Ásia pela pandemia do coronavírus, depois que mais de 60 mil mortes e bloqueios prolongados levaram a economia à sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial e pioraram a pobreza, o desemprego e a fome. Ele também herda insurgências muçulmanas e comunistas de décadas, crime, desigualdade escancarada e divisões políticas inflamadas por sua eleição.
No mês passado, o Congresso proclamou sua vitória esmagadora, assim como a de sua companheira de chapa Sara Duterte, filha do presidente cessante, na disputa pela vice-presidência.
"Peço a todos que rezem por mim, me desejem bem. Eu quero ir bem porque quando o presidente vai bem, o país vai bem", disse ele após sua proclamação no Congresso.
* Com informações da Associated Press