"Dog - A Aventura de uma vida" traz a descoberta de um amor com poder de cura
Filme que estreia nesta quinta (19.mai) é uma viagem emocional de um militar com um cão herói de guerra

Cleide Klock
Se você ama estar com um cachorro, realmente acredita que eles são os melhores amigos e ainda de lambuja gosta de filmes de viagem e de Channing Tatum, corra ao cinema. "Dog -- A Aventura de uma vida" em um primeiro momento pode até parecer uma comédia -- e é até anunciada como sendo uma, com algumas cenas realmente divertidas -- mas não se engane. Esta é uma trama emocional e até um tanto dolorida sobre trajetórias que se cruzam e que juntas procuram o caminho da cura.
O filme é a estreia de Channing Tatum na codireção e é ele quem também divide o protagonismo com Lulu, uma pastora belga. Em comum os dois têm duras lembranças dos campos de combate e sofrem de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), o que faz com que não consigam ter conexões emocionais, além de estarem rodeados de medos e efeitos herdados da carreira no exército.
Jackson Briggs (Tatum), apesar de ter sofrido um traumatismo craniano, quer voltar à ativa a qualquer custo e a tarefa que lhe dão para ser aceito novamente no exército é levar Lulu ao funeral do sargento Rodriguez, ex-treinador e companheiro da cachorrinha. Após essa viagem ela será sacrificada, o que torna tudo ainda mais sentimental.
Briggs aceita o desafio, afinal o que pode dar errado em atravessar a costa oeste americana com um cão descontrolado? Apenas tudo. Mas, a louca viagem acaba sendo um resgate, de ambos, com lições vividas e aprendidas no meio do caminho.
"Devagarzinho ele começa a cuidar desse cão. O cachorro é ele, eles são espelhos um para o outro. Ele descobre essa conexão, no meio de tudo isso, ele só quer se conectar com esse cachorro e nem é algo consciente", diz o Tatum.
Cães no set
Channing Tatum sempre se declarou apaixonado por cachorros. O filme é dedicado à memória da cachorrinha dele, que morreu em 2018. Ela também se chamava Lulu, o que não é mera coincidência, mas sim uma grande homenagem. Tatum e a sua Lulu fizeram uma grande viagem quando o ator recebeu o diagnóstico de que ela sofria com um câncer. E, estar no set rodeado de cães, claro, que trouxe ainda mais afeto.
"Esses cães são muito inteligentes, incrivelmente inteligentes e adoram trabalhar. Assim que acordam de manhã, já estão assim: O que vamos fazer? Como vamos fazer, onde vamos fazer isso, vamos fazer o máximo de vezes que pudermos, por favor, não mandem a gente dormir", conta o ator e codiretor sobre a empolgação e dedicação dos cães no set.
Cerca de 150 cães participaram da seleção e três foram escolhidos para se revezaram fazendo a heroína de guerra Lulu.
"Channing e eu começamos a trabalhar com os cães cerca de nove meses antes de começarmos a filmar, muito disso por causa do cenário de pandemia, já que não foi possível filmar por um tempo. Então, decidimos passar um tempo com os cães, o que era muito valioso. Enquanto nós estávamos escrevendo, Channing estava no quintal treinando com eles. O que foi incrível e que é a base do relacionamento no filme. Eu acho essa uma das coisas especiais sobre este filme, porque imagino que na maioria das produções com animais, você contrata um treinador, ele vem no set e dizem que o cão vai fazer isso e aquilo, os atores vão fazer aquilo outro e pronto. E neste filme foi muito diferente", conta o codiretor e roteirista Reid Carolin.
Cães de Guerra
Quando Briggs pega Lulu para a viagem, recebe também um manual do proprietário, algo que os treinadores das forças armadas realmente fazem. Pode variar de um simples livro com a papelada militar do cão, até um álbum de recortes cheio de lembranças. O de Lulu é um livro com cartas escritas por Rodriguez e com DVDs que acalmam a ansiedade da cadelinha. E é por meio desses recortes do sargento que Briggs vai conhecendo Lulu.
Para Tatum e Carolin, a inspiração veio do documentário "War Dog: A Soldier's Best Friend" do qual os dois foram produtores executivos. A partir daí eles mergulharam na realidade dos Rangers do Exército que trabalham nas Operações Especiais com cães e, descobriram que embora vários filmes sobre militares tenham se concentrado na ação e nos combates, havia muito mais histórias para contar.
Bilheteria
A trama tem o apelo de filme de viagem, com imagens lindas, trilha sonora incrível e aposta na descoberta de uma amizade e no despertar do afeto por um animal. Uma receita que deu certo.
"Dog" já se destaca como um dos grandes sucessos de bilheteria em 2022. Com um orçamento considerado de médio custo, cerca de US$ 15 milhões de dólares, já rendeu em bilheteria mais de US$ 77 milhões ao redor do mundo. A intenção é fazer com que os espectadores também celebrem as próprias aventuras que viveram com seus cães, tanto com os que ainda estão do nosso lado, quanto os que já partiram.
E, acaba sendo uma grande homenagem a esses doces e incondicionais relacionamentos.
LEMBRETE: Mas, se você sair do cinema com vontade de adotar um cão, saiba que essa deve ser uma escolha mais do que consciente, bem pensada e estudada, que nunca pode ser feita por impulso.