Branqueamento atinge 91% da Grande Barreira de Corais na Austrália
Fenômeno é causado pelo estresse térmico do recife, devido ao aumento de temperatura
Giovanna Colossi
O aquecimento das águas em consequência das mudanças climáticas causou o quarto branqueamento em massa desde 2016 e o sexto desde 1998 dos corais da Grande Barreira de Corais da Austrália. Mais de 90% do maior ecossistema de recifes de corais do mundo foi afetado, informou o governo do país em relatório anual divulgado nesta 3ªfeira (10.mai).
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Fenômeno natural, o branqueamento de recifes, tipicamente associados a altos níveis de mortalidade de corais, é uma resposta às ondas de calor marinhas típicas de meses de verão.No entanto, "à medida que a Terra e seus oceanos aquecem com as mudanças climáticas, as ondas de calor marinhas e os eventos de branqueamento de corais associados estão se tornando mais graves e frequentes, e os processos de recuperação natural do recife não conseguem acompanhar", revelou o Reef snapshot: summer 2021-22.
As pesquisas foram realizadas após a onda de calor final em março de 2022, porém, a resposta da colônia de corais ao estresse térmico pode ser prolongada, e o branqueamento pode progredir. O governo australiano estima que os processos de recuperação ocorrerão nos próximos seis a oito meses. Em 2022, 60% da área total do recife sofreu estresse térmico capaz de causar branqueamento de corais.
Segundo o relatório, as águas da Grande Barreira de Corais aqueceram no início de dezembro de 2021, excedendo as máximas históricas de verão que normalmente ocorrem nos meses mais quentes, e continuaram a acumular calor até o início de abril de 2022, com três ondas de calor distintas. Também é a primeira vez que o branqueamento em massa ocorre durante o La Niña, evento climático que diminui as temperaturas do Oceano Pacífico equatorial.
Apesar de informar que, à medida que a temperatura da água esfria, os corais branqueados podem recuperar sua cor e sobreviver a esse evento de estresse, como aconteceu em 2020, quando houve uma mortalidade muito baixa de corais associada a um evento de branqueamento em massa, a autoridade australiana classifica as mudanças climáticas como a maior ameaça à Grande Barreira de Corais, e pede ações mais fortes e rápidas para diminuir as emissões globais de gases de efeito estufa, desacelerando assim o aquecimento global.