Fraude no INSS aumenta filas e dificulta cancelamento de descontos indevidos
Beneficiários enfrentam longas esperas nas agências para tentar reaver valores descontados sem autorização
SBT Brasil
O esquema de fraude no INSS também aumentou a fila para atender beneficiários que comparecem às agências para tentar cancelar os descontos indevidos. As filas, que já eram longas nas agências do INSS, estão ainda maiores.
"Eu vou conferir agora, vou ver se teve algum problema", disse o taxista Divino Liberato.
Quem procura o INSS enfrenta dificuldades para descobrir se foi alvo dos fraudadores.
"É pavoroso, é uma vergonha nacional, nós estamos à Deus dará. Aqui você fica uma hora para ser atendida em dois minutos", relatou Paula Calegari, agente de viagem.
O extrato das aposentadorias, de acordo com relatório da Controladoria Geral da União, está disponível nas agências e também online. O problema é que mais de 50% dos beneficiários nunca usaram a plataforma. Além disso, 42% sequer conhecem o programa "Meu INSS".
A investigação da Polícia Federal apontou que só entre janeiro e maio do ano passado, quase dois milhões de aposentados entraram com pedido no INSS para bloquear os descontos indevidos.
"Eu estou atrás disso realmente, sindicato cobrando. Já tiraram da minha conta mais de 700 reais, todo mês estão descontando. Eu já liguei lá para falar que não quero, não é obrigado. E o desconto segue? Segue, todo mês descontando 70 reais", contou Jane Prado, secretária aposentada. "Agendou para eu vir aí, semana que vem, dia 8."
Carlos Tufik, que tem 69 anos, foi alvo da fraude em 2023 e 2024. Duas entidades diferentes subtraíram parcelas mensais de 75 e 77 reais.
"Como nunca tinha o hábito de verificar, eu acabei dando uma olhada no meu extrato e já vinha ocorrendo isso há uns quatro ou cinco meses, que estava sendo descontado um valor para o sindicato", relatou Carlos Tufik. "E o sindicato? Eu nem sabia que existia."
Os descontos pararam assim que ele ligou para os sindicatos e para o INSS, mas o dinheiro não foi devolvido.
"Brigar com o INSS é difícil. Você acaba morrendo, não recebe nada, e vai fazer o quê?", desabafou Carlos Tufik.