Sanções econômicas não devem gerar impacto imediato na guerra
Segundo especialistas, Estados Unidos têm poucas ferramentas para lidar com o conflito entre Rússia e Ucrânia
Após os ataques da Rússia à Ucrânia na madrugada desta 5ª feira (24.fev), o mundo espera um posicionamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e dos Estados Unidos. A inviabilização econômica da Rússia, por meio de sanções financeiras, é a ferramenta anunciada pelas potências ocidentais para apoiar a Ucrânia, no entanto, segundo especialistas, elas podem não gerar efeito imediato para acabar com a guerra.
Segundo Juliano Cortinhas, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e professor visitante da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, as sanções econômicas podem pressionar os russos, mas sem impacto iminente para o fim do conflito armado.
"Erros na diplomacia americana, como a entrada no Oriente Médio, enfraqueceu muito a capacidade dos país de atuar em outros conflitos. Além disso, as contas públicas dos Estados Unidos estão sob pressão por conta da pandemia. Há poucas ferramentas para lidar com a crise a não ser as sanções econômicas que tendem a pressionar os russos, como foi também a expansão da Otan, mas não devem gerar impacto iminente", destaca.
Segundo o professor, a Ucrânia não tem condições de fazer uma resistência militar contra a Rússia e vê uma vitória russa em pouco tempo.
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Pedro Costa Júnior, cientista político e professor de Relações Internacionais da Faculdade de Campinas (Facamp), destaca que a guerra sinaliza o fim dos anos 90 e do momento pós-Guerra Fria. "A Rússia foi humilhada nos anos 90, década de 90 para a Rússia é a década da humilhação. Perderam cerca de 1/4 dos seus territórios. Países Bálticos, Letônia, Ucrânia. O acordo tácito era para deixar a Otan existir, mas sem expansão para o Leste Europeu. No entanto, desde que o acordo foi firmado, ele foi sumariamente desrespeitado pela Otan e aliados europeus, que fizeram cinco expansões", diz.
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O professor Juliano concorda com o colega e destaca que não há justificativa para início de uma guerra. "Houve um erro estratégico muito grande das potências ocidentais a expansão da Otan em direção a Rússia. Putin está errado, ferindo direitos humanitários internacionais, deve ser levado à Justiça por isso. Guerra é algo muito lastimável. Pessoas morrem, ficam com marcas profundas, há caos humanitário. É algo injustificável o que a Rússia vem fazendo", ressalta o professor.
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No entanto, o conflito não deve se estender por muito tempo, já que, segundo Juliano Cortinhas, as sanções econômicas devem aumentar a indignação da população russa à invasão, que considera a Ucrânia uma nação irmã. Além disso, não houve apoio do governo chinês à guerra. "A princípio a China não apoiou a entrada da Rússia na Ucrânia, já que a China tem questões separatistas também. Será que a população russa vai apoiar por muito tempo? Ela vai passar por uma crise econômica devido as sanções e será que vai continuar apoiando Putin? Para que ele continue é preciso do apoio tanto da população chinesa como da população russa", destaca.
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