Crise Rússia x Ucrânia afeta mercado financeiro e bolsas caem nesta 2ª
Ameaça de guerra no Leste Europeu surtiu efeito na economia mundial, avaliam economistas
O mercado financeiro abriu esta 2ª feira (14.fev) em queda. O motivo são as crescentes tensões envolvendo Rússia e Ucrânia, que têm afetado a economia global pela incerteza que geram nos agentes econômicos. Assim, a baixa das bolsas de valores mundiais e mercados de ações deve continuar, já que não houve nenhuma sinalização de redução nos conflitos entre as potências.
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Um possível acordo entre os países poderia fazer com que o mercado se acalmasse, avaliam os especialistas ouvidos pelo SBT News. Mas a ameaça por parte do governo norte-americano, de Joe Biden, de grandes represálias à Rússia, caso ocorresse uma invasão, surtiu o efeito contrário.
Além disso, a Rússia é uma grande atuante do mercado internacional e, mesmo que não figure tanto nos noticiários globais pela sua economia, um dos principais fornecedores para a Europa de gás e petróleo. Como resultado, a economia mundial também é afetada.
A iminência de uma guerra envolvendo o país fez com que o preço do barril subisse consideravelmente. O barril Brent, extraído no Mar do Norte, fechou o mês de janeiro em alta. Em Londres, a commodity chegou a ser comercializada a US$ 88, aproximadamente R$ 464. Nos Estados Unidos, o barril WTI também teve alta, sendo vendido a US$ 85, cerca de R$ 448. Os aumentos foram os maiores registrados desde 2014.
O economista Eduardo Martins explica que boa parte da União Europeia ainda possui um grau de dependência energética da Rússia. "Se por um lado a Europa depende da Rússia, a Rússia não necessariamente depende da Europa, e essa assimetria é uma das causas de tensão na região. O gasoduto Nordstream 2, que liga a Rússia à Alemanha está pronto, entretanto não está funcionando em razão do fornecedor russo Gazprom não querer ceder a operação para outro agente, uma obrigação na legislação europeia", ressalta.
O gasoduto russo, que passa pela Ucrânia, é outro dos fatores que interferem na escalada de tensão no leste europeu e, consequentemente, na economia mundial. As incertezas entre os países da Europa Ocidental acabam criando forte insegurança sob o funcionamento do mercado de gás natural, fonte de geração de eletricidade mais relevante da região.
"Isso contamina o mercado de energia elétrica e cai como uma bomba nos preços que chegam até o consumidor final. Claro que a Europa procurou, nos últimos anos, diversificar fontes, aumentar importações de GNL, contar também com novos gasodutos. Ainda assim, a Rússia é quem quem tem o poder desse mercado", explica o economista Luciano Losekann, professor da Universidade Federal Fluminense.
Sabendo da necessidade da União Europeia diante de seu produto, a Rússia, por diversas vezes, ameaçou interromper o fornecimento caso não tenha os seus interesses atendidos pelo Ocidente.
"Um possível interrompimento no fornecimento de petróleo e gás para a Europa pode ter um efeito catastrófico em uma economia que já vem apresentando sinais de estagflação em razão de outros fatores, como a não redução da pressão inflacionária e o baixo crescimento europeu esperado para 2022", pontua Martins.
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No Brasil, o efeito do aumento no preço do petróleo é a alta do preço dos combustíveis, sobretudo gasolina e diesel. "Como o preço internacional do barril é o que acaba ditando o valor nacional, um aumento poderá ser revertido para os consumidores finais no curto prazo", arremata o economista.