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SBT News chega ao Afeganistão na véspera da posse do Talibã

Grupo extremista será empossado em 11 de setembro; correspondente conta como foi a entrada no país

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Talibãs no Afeganistão
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Cabul -- O novo governo afegão será oficialmente empossado neste sábado, dia 11 de setembro. Não há data mais simbólica para a volta do Talibã ao poder. Exatos 20 anos atrás, os Estados Unidos sofriam o maior atentado terrorista de sua história, depois de um plano que começou com a ajuda dos fundamentalistas, então aliados declarados da Al-Qaeda, que planejou e executou o ataque às torres gêmeas.

O SBT News entrou nesta 6ª feira (10.set) no Afeganistão. Depois de uma semana no Paquistão, nós cruzamos a fronteira por terra, em Torkham. Depois de três checagens de agentes paquistaneses, com dois deles tirando fotos de passaporte, visto, credencial de imprensa e um certificado emitido pelo Ministério da Informação do Paquistão, entramos no país dominado pelos Talibãs.

Depois de ser recebido por homens fortemente armados, fomos levados para uma sala por um agente do serviço de inteligência do Talibã. Na mesma sala, estava, havia duas horas, uma equipe da NHK, rede de TV do Japão. Nossas equipes ouviram uma rajada de tiros que vinha do lado de fora.

As dificuldades na transição de milícia armada para governo de um país de quase 40 milhões de habitantes, mais da metade abaixo da linha da pobreza, são muito evidentes. Há muita desinformação sobre a documentação exigida pra se entrar no país, um pouco mais difícil no caso de jornalistas. Nas cidades e nas estradas, não há guardas de trânsito nem regras. Motos voltaram às ruas, depois de terem sido proibidas pelo último governo pra evitar que o Talibã as usasse pra promover ataques.

Na bela e perigosa estrada que corta as montanhas entre a fronteira com o Paquistão e Cabul, há veículos militares do antigo governo destruídos. É uma arma de propaganda dos fundamentalistas. A destruição e a violência são as mensagens mais fortes do Talibã.

Há também muitas barreiras, onde soldados fortemente armados, checam documentos e interrogam passageiros, principalmente estrangeiros. Abdullah aparenta ter mais de 40 anos. Tem apenas 25. Cresceu na luta pra conquistar o poder e agora é um dos muitos que parece perdido com a metralhadora nas mãos. O Talibã conversou com o SBT News na entrada do distrito de Cabul.

No grupo de 7 homens armados, ele era o único que sabia algumas palavras em inglês. Mas ele prefere responder as perguntas em pashto, um dos idiomas locais, que é traduzido pelo tradutor que acompanha a nossa reportagem. "As pessoas estão felizes. Agora há paz no país", afirma. Alguns concordam. Muitos afegãos que são ligados ao Talibã ou que têm uma visão similar à do grupo voltaram para o país nos últimos dias.

Abdullah (esq.) aparenta ter mais de 40 anos. Tem apenas 25 | Sergio Utsch/SBT

Mas também há muitos entre os quase 40 milhões de afegãos que não veem muitas opções de escolha no futuro. Nosso tradutor, cujo nome será preservado por questões de segurança, formou-se em Jornalismo no vizinho Paquistão. Voltou para atuar em uma TV do país e teve que abandonar o emprego nos últimos dias.

O novo governo também não conseguiu definir ainda a nova estrutura do sistema educacional pra que meninas não fiquem ao lado de meninos. Sem escola, um grupo de crianças e adolescentes usava um pequeno reservatório de água para irrigação de lavoura como piscina, na região de Lahman. Passava dos 35 graus quando nossa reportagem abordou o grupo. A maioria contou que depois do Talibã, não há mais aulas, nem emprego. Abdullah, de 16 anos, resumiu o que muitos acadêmicos e diplomatas já haviam antecipado. "Eles não sabem ser governo, não querem paz. Eles só sabem lutar".

Veja reportagem do SBT Brasil:

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