OCDE: Com vacinas, economia mundial deve crescer mais do que o previsto
A nova projeção, no entanto, ainda mantém o Brasil abaixo da média na retomada
Sérgio Utsch
A nova projeção ainda mantém o Brasil abaixo da média mundial. Segundo a OCDE, a economia brasileira deverá crescer 3,7% neste ano e 2,7% no ano seguinte. Entre as grandes economias da América Latina, o México (4,5 % em 2021 e 3% em 2020) tem previsão melhor que a do Brasil. O desempenho da economia argentina será melhor que a brasileira este ano (4,6%) e pior no ano que vem (2,1%).
Os bons resultados das campanhas de vacinação e das políticas que contiveram o avanço do vírus estão por trás da mudança dos números. A OCDE, grupo de países ricos, do qual o Brasil tenta fazer parte, também atribuiu a mudança ao pacote de estímulos financeiros, recentemente anunciado pelos Estados Unidos, a maior economia do planeta.
Em Paris, na sede da Organização, a economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, afirmou que a vacinação em massa é a chave para o fim da crise.
"Os governos devem acelerar a vacinação, a produção e distribuição de vacinas".
A economista também disse que a reabertura deve ser feita juntamente com a evolução da situação sanitária dos países e lembrou dos riscos de uma campanha de vacinação lenta.
"Alguns setores importantes terão que ficar fechados por um período maior, o que pode piorar a divergência entre países e entre as pessoas. Sem vacinação, setores como o de viagens e turismo, que são importantes para o crescimento econômico e para o mercado de trabalho, não estarão aptos a reabrir de forma adequada".
A OCDE espera que haja uma pressão inflacionária nos Estados Unidos, mas não em um patamar preocupante.
"Nós reclamamos há muito tempo que a inflação é muito baixa, então um pouco mais de inflação seria bem-vinda".
Ela alertou, no entanto, que há o risco de uma reação muito abrupta dos mercados financeiros e de um fluxo de capital mais intenso de economias emergentes, como a do Brasil para países mais desenvolvidos.
"Isso nos preocupa".
Pra evitar o aprofundamento da crise econômica, a economista-chefe da OCDE defende a ação dos Bancos Centrais.
"Eles tem capacidade de combater a volatilidade. Eles podem apoiar os mercados emergentes com liquidez. Fizeram isso em março de 2020 quando as tensões aumentaram e estamos confiantes que eles vão agir se houver necessidade".