Mundo
O Reino Unido encurralado por um Brexit sem acordo
Em 1º de janeiro de 2021, os britânicos estarão oficialmente fora da estrutura burocrática da União Europeia
Sérgio Utsch
• Atualizado em
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O novo prazo é domingo e todos os sinais dão a entender que não haverá acordo entre o Reino Unido e a União Européia, depois de mais de quatro anos de negociações. O período de transição termina no dia 31 de dezembro. No dia seguinte, os britânicos já estarão fora de toda a estrutura burocrática do bloco, inclusive do mercado comum, o maior do mundo, com quase meio bilhão de consumidores.
Em Bruxelas, onde é realizada a última conferência do ano dos líderes dos 27 estados-membros, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que "a probabilidade de não sair um acordo é maior". Em Blyth, no interior da Inglaterra, Boris Johnson adotou um tom mais provocativo quando se referiu a essa possibilidade. "Parece muito provável que teremos que adotar uma solução que poderá ser maravilhosa para o Reino Unido, em que que nós poderemos fazer exatamente tudo o que quisermos a partir de janeiro", disse o primeiro-ministro.
O Reino Unido pretendia ficar no mercado comum, mas recusou propostas dos negociadores europeus para que empresas britânicas seguissem os padrões do bloco para evitar concorrência desleal, como subsídios com dinheiro público para alguns setores. Os britânicos responderam a essa proposta como uma interferência na soberania, pela qual lutaram com o Brexit. "Se o Reino Unido quiser se afastar dos padrões de alguns produtos da União Europeia, precisamos conversar sobre como evitar essas diferenças. Isso não tem nada a ver com soberania", disse o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.
Se o impasse prevalecer, os dois lados passam a ter uma relação comum, sob as regras da Organização Mundial do Comércio, com as mesmas regras nas relações comerciais que Brasil e Estados Unidos, por exemplo. O volume de transações, no entanto, é bem maior com a União Européia, destino de 51% de tudo o que o Reino Unido exporta e fonte de 43% das importações do país.
Sem acordo, tudo o que circula livremente até 31 de dezembro teria novas tarifas e novos procedimentos alfandegários a partir de 1º de janeiro. Em um primeiro momento, os britânicos estariam muito mais sujeitos ao transtorno de uma mudança tão drástica, mas o governo britânico, por enquanto, bancou a aposta.
Boris Johnson tentou fazer uma negociação paralela com os governos da França e da Alemanha, as duas maiores economias e as que têm maior peso político no bloco europeu. Mas a tentativa de telefonemas com o presidente Emmanuel Macron e a chanceler Angela Merkel para tratar do Brexit foi frustrada. O primeiro-ministro foi informado que as negociações deveriam ser feitas apenas com a Comissão Europeia.
Com ou sem acordo, os britânicos já vão perder uma série de privilégios a partir do ano que vem. Em viagens internacionais para qualquer país da União Européia, deixarão a fila especial da UE e vão para a fila dos "outros países", destinada a passageiros com passaportes que não fazem parte do bloco, como os do Brasil.
Os britânicos também poderão ser barrados se não tiverem um motivo considerado essencial para a viagem. Hoje, apenas 8 países estão isentos das restrições do bloco europeu por causa da pandemia. O Reino Unido vai entrar automaticamente na lista daqueles considerados não seguros para o novo coronavírus.
Os britânicos também estarão no mesmo patamar dos brasileiros em relação às regras de visita aos países europeus. Vão poder ficar, no máximo, 90 dias. Se quiserem ficar além desse prazo, precisarão de um visto de permanência. Além disso, deixam de ter direito à cobertura de saúde oferecida aos cidadãos da União Européia em todos os países do bloco.
Quatro navios da marinha britânica já estão de prontidão para patrulhar as águas do Reino Unido a partir de 1º de janeiro, se não houver acordo. A informação foi revelada com exclusividade pelo jornal The Guardian nesta sexta-feira.
Segundo o jornal, os navios teriam o poder de inspecionar qualquer embarcação européia que entre no território marítimo britânico, cujo limite é de aproximadamente 320 quilômetros da costa ou metade do caminho quando a costa de outro país ficar a uma distância menor, como é o caso da França.
Todos os navios da operação são embarcações de guerra, com armas a bordo que, segundo o governo britânico, não seriam usadas. A medida mais extrema seria confiscar o barco e levá-lo ao porto britânico mais próximo.
Em Bruxelas, onde é realizada a última conferência do ano dos líderes dos 27 estados-membros, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que "a probabilidade de não sair um acordo é maior". Em Blyth, no interior da Inglaterra, Boris Johnson adotou um tom mais provocativo quando se referiu a essa possibilidade. "Parece muito provável que teremos que adotar uma solução que poderá ser maravilhosa para o Reino Unido, em que que nós poderemos fazer exatamente tudo o que quisermos a partir de janeiro", disse o primeiro-ministro.
O Reino Unido pretendia ficar no mercado comum, mas recusou propostas dos negociadores europeus para que empresas britânicas seguissem os padrões do bloco para evitar concorrência desleal, como subsídios com dinheiro público para alguns setores. Os britânicos responderam a essa proposta como uma interferência na soberania, pela qual lutaram com o Brexit. "Se o Reino Unido quiser se afastar dos padrões de alguns produtos da União Europeia, precisamos conversar sobre como evitar essas diferenças. Isso não tem nada a ver com soberania", disse o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.
Se o impasse prevalecer, os dois lados passam a ter uma relação comum, sob as regras da Organização Mundial do Comércio, com as mesmas regras nas relações comerciais que Brasil e Estados Unidos, por exemplo. O volume de transações, no entanto, é bem maior com a União Européia, destino de 51% de tudo o que o Reino Unido exporta e fonte de 43% das importações do país.
Sem acordo, tudo o que circula livremente até 31 de dezembro teria novas tarifas e novos procedimentos alfandegários a partir de 1º de janeiro. Em um primeiro momento, os britânicos estariam muito mais sujeitos ao transtorno de uma mudança tão drástica, mas o governo britânico, por enquanto, bancou a aposta.
LINHAS CORTADAS COM PARIS E BERLIM
Boris Johnson tentou fazer uma negociação paralela com os governos da França e da Alemanha, as duas maiores economias e as que têm maior peso político no bloco europeu. Mas a tentativa de telefonemas com o presidente Emmanuel Macron e a chanceler Angela Merkel para tratar do Brexit foi frustrada. O primeiro-ministro foi informado que as negociações deveriam ser feitas apenas com a Comissão Europeia.
NA MESMA FILA DOS BRASILEIROS
Com ou sem acordo, os britânicos já vão perder uma série de privilégios a partir do ano que vem. Em viagens internacionais para qualquer país da União Européia, deixarão a fila especial da UE e vão para a fila dos "outros países", destinada a passageiros com passaportes que não fazem parte do bloco, como os do Brasil.
Os britânicos também poderão ser barrados se não tiverem um motivo considerado essencial para a viagem. Hoje, apenas 8 países estão isentos das restrições do bloco europeu por causa da pandemia. O Reino Unido vai entrar automaticamente na lista daqueles considerados não seguros para o novo coronavírus.
Os britânicos também estarão no mesmo patamar dos brasileiros em relação às regras de visita aos países europeus. Vão poder ficar, no máximo, 90 dias. Se quiserem ficar além desse prazo, precisarão de um visto de permanência. Além disso, deixam de ter direito à cobertura de saúde oferecida aos cidadãos da União Européia em todos os países do bloco.
PATRULHA NAS ÁGUAS
Quatro navios da marinha britânica já estão de prontidão para patrulhar as águas do Reino Unido a partir de 1º de janeiro, se não houver acordo. A informação foi revelada com exclusividade pelo jornal The Guardian nesta sexta-feira.
Segundo o jornal, os navios teriam o poder de inspecionar qualquer embarcação européia que entre no território marítimo britânico, cujo limite é de aproximadamente 320 quilômetros da costa ou metade do caminho quando a costa de outro país ficar a uma distância menor, como é o caso da França.
Todos os navios da operação são embarcações de guerra, com armas a bordo que, segundo o governo britânico, não seriam usadas. A medida mais extrema seria confiscar o barco e levá-lo ao porto britânico mais próximo.
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