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Reino Unido segue com impasses a um mês da data-limite do Brexit

Separação da União Europeia sem acordo daria um golpe no PIB e nos empregos britânicos

Reino Unido segue com impasses a um mês da data-limite do Brexit
O primeiro-ministro Boris Johnson. Foto: Andrew Parsons/Nº 10 Downing Street (via Fotos Públicas)
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Falta menos de um mês para que o Reino Unido fique definitivamente desvinculado da União Européia, mas as duas partes ainda não chegaram a um acordo sobre a sua futura relação, admitindo "diferenças significativas". O período de transição termina em 31 de dezembro.

Nesta 2ª feira (7.dez), o primeiro-ministro Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falaram ao telefone por uma hora e meia. Foi a segunda conversa entre os dois desde sábado (5), depois que o impasse fez os negociadores dos dois lados paralisarem as reuniões. O britânico deverá viajar para Bruxelas nos próximos dias, de acordo com uma nota divulgada no início da noite pela Comissão Europeia.

Os dois lados esperavam um acordo até 4ª feira (9), antes da última conferência dos líderes dos 27 países da União Europeia, realizada na 5ª (10) e na 6ª feiras (11), em Bruxelas. Pode ser o segundo prazo perdido. O governo britânico já tinha sido obrigado a reconhecer que a meta de chegar a um acordo em 15 de outubro seria impossível de cumprir.

Vários dos 27 países do bloco já se preparam para um cenário sem acordo. Neste caso, o Reino Unido passará a funcionar com as regras da Organização Mundial do Comércio, o que significa que todos os produtos que compra e vende para os europeus estarão sujeitos a impostos. Seria uma relação similar à que os britânicos têm hoje com o Brasil ou com os Estados Unidos, países com os quais não têm um acordo comercial.

A diferença é que a União Europeia é o destino para 43% de tudo o que os britânicos exportam. O Escritório de Responsabilidade Orçamentária, que faz previsões para o governo britânico, estima que, em qualquer cenário, o divórcio com a União Europeia vai causar uma retração de pelo menos 4% do PIB do Reino Unido. Se não houver acordo, essa previsão fica pior já em 2021. Seriam 40 bilhões de libras (R$ 274 bilhões) a menos na economia e uma ameaça direta a pelo menos 300 mil empregos até o fim do ano que vem.  

Além disso, a falta de um acordo poderia afetar não apenas os preços de milhares de produtos, de comida a eletrodomésticos, mas também forçar a implementação de uma imensa estrutura burocrática nos dois lados do Canal da Mancha. Há duas semanas, uma simulação de checagem de mercadorias causou uma fila de quase oito quilômetros de caminhões na região de Kent, onde fica o eurotúnel e o acesso às barcas que fazem a travessia entre a Grã-Bretanha e o continente europeu.
 

AS DESAVENÇAS


São três os pontos que mantém britânicos e europeus ainda longe de um acordo sobre como irão se relacionar a partir de 1 de janeiro.

PESCA: Os britânicos querem fechar o acesso de pescadores europeus às águas consideradas do Reino Unido. Os europeus querem continuar tendo acesso às águas britânicas e defendem um período de transição de pelo menos 10 anos. O Reino Unido quer um prazo menor. O setor representa menos de 0,5% do PIB dos países envolvidos, mas tem um componente político forte. É um dos assuntos em que cada um dos envolvidos na negociação poderá sinalizar uma vitória sobre o outro lado. O SBT News fez uma reportagem sobre o assunto. Você pode ler aqui.

GOVERNANÇA: Os dois lados também não se entendem sobre que tipo de incentivos os britânicos poderiam dar à sua economia. O bloco europeu quer evitar um cenário em que o Reino Unido dê subsídios às suas empresas e as torne artificialmente mais competitivas. Os britânicos alegam que serão "soberanos" e que o lema do Brexit foi justamente "Tome o controle de volta" (Take back control). Em acordos comerciais, no entanto, esse é um tema importante para que um lado não tenha vantagens consideradas injustas sobre o outro.

DISPUTAS: Também não houve acordo sobre que órgão vai julgar possíveis disputas comerciais entre Reino Unido e União Européia. O bloco europeu sugere que a Corte Européia de Justiça seja acionada para resolver desentendimentos e definir punições, se for o caso. Os britânicos querem um organismo mais independente.
 

IRLANDA DA NORTE


Os britânicos já deram um sinal positivo ao admitirem nesta 2ª feira (7) que podem retirar um projeto de lei que permite ao Reino Unido não cumprir um acordo que já havia assinado com a União Européia e que era uma salvaguarda para outro acordo ainda mais importante, assinado 22 anos atrás. Quando a idéia surgiu, o governo Boris Johnson foi duramente criticado por lideranças européias e até por setores do seu próprio partido, o Conservador, por representar uma ameaça à credibilidade internacional do Reino Unido.

Na prática, se virar lei, o projeto permite que o Reino Unido desrespeite um acordo histórico e instale fronteiras ou controles alfandegários entre a República da Irlanda, que é parte da União Européia e a Irlanda do Norte, território do Reino Unido que fica no norte da ilha irlandesa.

A ausência de uma fronteira foi um dos principais pontos acordados para que fosse possível terminar quase três décadas de conflito armado. O Acordo de Belfast, também conhecido como Acordo da Sexta-feira santa, foi assinado em 1998 entre os que defendem uma só Irlanda e aqueles que preferem a permanência do norte no Reino Unido.

O resultado da eleição dos Estados Unidos botou ainda mais pressão sobre o governo britânico. O presidente eleito Joe Biden tem origem irlandesa e, além de ser um crítico do Brexit, é uma das vozes que se opõem a qualquer mecanismo que seja uma ameaça ao acordo de paz.
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