Turquia tende a se isolar pelo coronavírus e pela Armênia
País admitiu não estar contabilizando casos assintomáticos da covid-19. Pressão internacional segue aumentando
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O Reino Unido retirou nesta 5ª feira (1º.out) a Turquia da lista de países considerados seguros para a covid-19. A medida foi tomada um dia após o Ministério da Saúde turco admitir que apenas casos sintomáticos estavam sendo contabilizados, o que aumentou a desconfiança da comunidade internacional sobre a situação sanitária no país.
Oficialmente, a Turquia tem 318.663 casos confirmados e 8.195 mortes, segundo os registros da Centro de Pesquisa do Coronavírus da Universidade Johns Hopkins. Políticos da fragilizada oposição do país dizem que o número pode ser 19 vezes maior que o admitido pelo governo.
Em agosto, médicos e cientistas turcos publicaram na revista científica The Lancet um artigo em que criticavam a resistência do governo de Recep Erdogan em permitir pesquisas sobre a situação da covid-19 no país. "Dois meses depois do primeiro caso, em 11 de maio, o Ministério da Saúde declarou que o número de casos da covid-19 era de 139.771, com 3.841 mortes. No entanto, o excesso de mortalidade apenas em Istambul durante esse período foi de 4.209 mortes", dizem os cientistas.
O critério para incluir um país na chamada lista segura é a sua situação sanitária. Desde o início da reabertura, o Reino Unido retirou da lista dezenas de países que são destino de milhares de turistas do Reino Unido, como Espanha, França, Bélgica e Holanda.
O Brasil sempre esteve fora, assim como os Estados Unidos e a Rússia. As regras de isolamento permitem que a pessoa deixe o endereço indicado às autoridades britânicas apenas em situação de emergência. As multas começam por mil libras (equivalente a R$ 7.200) e chegam a 10 mil libras (R$ 72.700) em caso de reincidência. Nesta quinta, a Polônia também foi retirada da lista.
No caso da Turquia, no entanto, o critério foi além do sanitário. Os europeus subiram o tom contra o envolvimento do país no conflito entre Armênia e Azerbaijão. Os dois países travam uma batalha pelo controle de Nagorno-Karaback, território onde a maioria da população é de origem armênia, mas que fica em território azerbaijano.
Os turcos são aliados de primeira hora do Azerbaijão, que também tem maioria muçulmana. O governo do presidente Recep Erdogan é acusado pela comunidade internacional de enviar mercenários pra lutar contra os armênios, com quem a Turquia tem um histórico de atritos. O mais grave deles é o genocídio de cerca de um milhão de armênios, entre 1915 e 1923, acusação que a Turquia sempre negou, apesar da abundância de provas.
No que pode ser uma nova campanha contra um antigo inimigo, os turcos são acusados agora de contratar cidadãos sírios pra lutar pelo Azerbaijão. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização que faz oposição ao regime sírio e tem sede em Londres, 900 mercenários foram transportados para a região do conflito por empresas de segurança turcas. Entre os mais de 100 mortos até agora, pelo menos 3 são lutadores sírios.
Assim como nos números da covid-19 e no genocídio da Armênia, boa parte do mundo pressiona a Turquia a acertar as contas com a realidade.
Oficialmente, a Turquia tem 318.663 casos confirmados e 8.195 mortes, segundo os registros da Centro de Pesquisa do Coronavírus da Universidade Johns Hopkins. Políticos da fragilizada oposição do país dizem que o número pode ser 19 vezes maior que o admitido pelo governo.
Em agosto, médicos e cientistas turcos publicaram na revista científica The Lancet um artigo em que criticavam a resistência do governo de Recep Erdogan em permitir pesquisas sobre a situação da covid-19 no país. "Dois meses depois do primeiro caso, em 11 de maio, o Ministério da Saúde declarou que o número de casos da covid-19 era de 139.771, com 3.841 mortes. No entanto, o excesso de mortalidade apenas em Istambul durante esse período foi de 4.209 mortes", dizem os cientistas.
O critério para incluir um país na chamada lista segura é a sua situação sanitária. Desde o início da reabertura, o Reino Unido retirou da lista dezenas de países que são destino de milhares de turistas do Reino Unido, como Espanha, França, Bélgica e Holanda.
O Brasil sempre esteve fora, assim como os Estados Unidos e a Rússia. As regras de isolamento permitem que a pessoa deixe o endereço indicado às autoridades britânicas apenas em situação de emergência. As multas começam por mil libras (equivalente a R$ 7.200) e chegam a 10 mil libras (R$ 72.700) em caso de reincidência. Nesta quinta, a Polônia também foi retirada da lista.
No caso da Turquia, no entanto, o critério foi além do sanitário. Os europeus subiram o tom contra o envolvimento do país no conflito entre Armênia e Azerbaijão. Os dois países travam uma batalha pelo controle de Nagorno-Karaback, território onde a maioria da população é de origem armênia, mas que fica em território azerbaijano.
Os turcos são aliados de primeira hora do Azerbaijão, que também tem maioria muçulmana. O governo do presidente Recep Erdogan é acusado pela comunidade internacional de enviar mercenários pra lutar contra os armênios, com quem a Turquia tem um histórico de atritos. O mais grave deles é o genocídio de cerca de um milhão de armênios, entre 1915 e 1923, acusação que a Turquia sempre negou, apesar da abundância de provas.
No que pode ser uma nova campanha contra um antigo inimigo, os turcos são acusados agora de contratar cidadãos sírios pra lutar pelo Azerbaijão. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização que faz oposição ao regime sírio e tem sede em Londres, 900 mercenários foram transportados para a região do conflito por empresas de segurança turcas. Entre os mais de 100 mortos até agora, pelo menos 3 são lutadores sírios.
Assim como nos números da covid-19 e no genocídio da Armênia, boa parte do mundo pressiona a Turquia a acertar as contas com a realidade.
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