Mundo
Protestos em Belarus ganham força um mês após as eleições presidenciais
Manifestações pela liberdade e pela democracia desafiam o poder do "último ditador da Europa"
Thiago Ferreira
• Atualizado em
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Na noite de 9 de agosto de 2020, um domingo, Aleksandr Lukashenko repetiu um gesto ao qual já está acostumado: anunciou a vitória nas urnas por uma ampla vantagem de votos. Aos 65 anos, o ex-soldado da União Soviética que entrou na política com uma plataforma anticorrupção comemorava o início do seu sexto mandato à frente do país do leste europeu, de nove milhões e meio de habitantes.
O que Lukashenko provavelmente não esperava é que, mesmo com uma pandemia em curso, milhares de pessoas tomariam as ruas da capital, Minsk, para contestar o resultado do pleito. O movimento popular, que de início chamou a atenção do mundo para as denúncias de fraude eleitoral, foi ampliado e -- contando com a participação intensa de jovens e mulheres -- passou a questionar o autoritarismo do líder há 26 anos no poder e a exigir o resgate de valores democráticos no país.
Os protestos que levaram Belarus às manchetes têm três rostos principais: Svetlana Tikhanovskaya, que disputou as eleições contra Lukashenko no lugar do marido dela, preso e impedido de concorrer; Veronika Tsepkalo, conselheira de Tikhanovskaya, que também teve o marido -- um ex-embaixador de Belarus nos Estados Unidos -- impossibilitado de disputar as eleições; e Maria Kolesnikova, líder carismática que atuou na campanha como voz ativa contra o governo de Lukashenko.
Hoje, Tikhanovskaya está refugiada na Lituânia, Tsepkalo fugiu com a família para a Polônia e Kolesnikova foi presa na fronteira com a Ucrânia horas após, de acordo com testemunhas e aliados, ter sido sequestrada no centro de Minsk. Três situações que representam a subida de tom na repressão do governo aos manifestantes e opositores. Desde o início dos protestos, milhares já foram detidos -- mais de 600 somente no último domingo (6). Ameaçado internamente, Lukashenko conta com o apoio nada desprezível de Vladimir Putin. O presidente russo chegou até a sugerir o envio de tropas para Belarus, se o comandante do país achar necessário.
Aleksandr Lukashenko recentemente admitiu que passou tempo demais no poder, mas descartou a possibilidade de deixar o cargo. Segundo o autocrata, somente ele poderá defender Belarus neste momento de instabilidade. As mais de cem mil pessoas que semanalmente vão às ruas de Minsk discordam. A popularidade de Lukashenko, já em queda, despencou ainda mais durante a pandemia, sobretudo depois dele receitar vodca e sauna para o tratamento da covid-19. Se quiser permanecer no poder, é bom que o "último ditador da Europa" arranje, agora, uma receita mais convincente.
O que Lukashenko provavelmente não esperava é que, mesmo com uma pandemia em curso, milhares de pessoas tomariam as ruas da capital, Minsk, para contestar o resultado do pleito. O movimento popular, que de início chamou a atenção do mundo para as denúncias de fraude eleitoral, foi ampliado e -- contando com a participação intensa de jovens e mulheres -- passou a questionar o autoritarismo do líder há 26 anos no poder e a exigir o resgate de valores democráticos no país.
Os protestos que levaram Belarus às manchetes têm três rostos principais: Svetlana Tikhanovskaya, que disputou as eleições contra Lukashenko no lugar do marido dela, preso e impedido de concorrer; Veronika Tsepkalo, conselheira de Tikhanovskaya, que também teve o marido -- um ex-embaixador de Belarus nos Estados Unidos -- impossibilitado de disputar as eleições; e Maria Kolesnikova, líder carismática que atuou na campanha como voz ativa contra o governo de Lukashenko.
Hoje, Tikhanovskaya está refugiada na Lituânia, Tsepkalo fugiu com a família para a Polônia e Kolesnikova foi presa na fronteira com a Ucrânia horas após, de acordo com testemunhas e aliados, ter sido sequestrada no centro de Minsk. Três situações que representam a subida de tom na repressão do governo aos manifestantes e opositores. Desde o início dos protestos, milhares já foram detidos -- mais de 600 somente no último domingo (6). Ameaçado internamente, Lukashenko conta com o apoio nada desprezível de Vladimir Putin. O presidente russo chegou até a sugerir o envio de tropas para Belarus, se o comandante do país achar necessário.
Aleksandr Lukashenko recentemente admitiu que passou tempo demais no poder, mas descartou a possibilidade de deixar o cargo. Segundo o autocrata, somente ele poderá defender Belarus neste momento de instabilidade. As mais de cem mil pessoas que semanalmente vão às ruas de Minsk discordam. A popularidade de Lukashenko, já em queda, despencou ainda mais durante a pandemia, sobretudo depois dele receitar vodca e sauna para o tratamento da covid-19. Se quiser permanecer no poder, é bom que o "último ditador da Europa" arranje, agora, uma receita mais convincente.
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