Mundo
Ciência não será desprezada na corrida pela vacina, dizem laboratórios
Governo dos EUA tenta acelerar todos os processos para fazer uso político da vacina da covid-19. Mas os laboratórios resistem
Patrícia Vasconcellos
• Atualizado em
Publicidade
Nove empresas farmacêuticas emitiram nesta terça-feira, 8 de setembro, um comunicado conjunto afirmando que apoiam a ciência e que não apresentarão uma vacina até que ela seja completamente testada e assegurada como eficiente.
Dos seis laboratórios que publicaram a nota, três estão testando as vacinas contra a covid-19 nos Estados Unidos: Pfzier, Moderna e AstraZeneca. As outras empresas são a BioNTech, GlaxoSmithKline, Johnson&Johnson, Merck, Novavax e Sanofi. O texto dos laboratórios afirmando que a ciência é apoiada seria óbvio não fosse o contexto atual americano no qual os cientistas são confrontados com a política.
Há exatamente uma semana foi notícia que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos notificou formalmente os 50 estados americanos para que todos estejam preparados para distribuir e aplicar gratuitamente a vacina contra o novo coronavírus em profissionais da saúde no mais tardar até o dia 1º de Novembro, dois dias antes das eleições legislativas e presidenciais. A orientação do CDC foi o sinal mais claro de que o governo americano tem clara intenção de acelerar todos os processos -- até mesmo os científicos -- para a aprovação de uma vacina o quanto antes. Desde então, criou-se no país uma discussão sobre a politização do FDA (Food and Drug Administration), agência federal do Departamento de Saúde dos Estados Unidos que controla e autoriza a comercialização de medicamentos.
Trecho da notificação do governo dos EUA: vacina prevista para estar disponível em novembro
O comunicado emitido hoje pelas empresas farmacêuticas não cita Donald Trump, mas o presidente americano por mais de uma vez afirmou que a vacina contra a covid-19 será realidade ainda este ano. No discurso do feriado do dia do trabalho, 7 de Setembro, disse mais: afirmou que as doses podem sair "num dia especial", citando indiretamente as eleições.
A corrida contra o tempo para a vacina americana vem ainda de encontro com as estatísticas da covid-19. Os Estados Unidos são o país com o maior número de casos e mortes no mundo por complicações do novo coronavírus e apesar da queda no número de novos casos, há um receio que a curva de contaminação volte a subir com o fim dos dias quentes.
A vacina russa
Neste fim de semana, enquanto passeava com meu cãozinho no parque do Brooklyn, escutei de uma senhora que sempre encontro ali a pergunta: "Então você é jornalista... Me responda: é real a vacina russa? Funciona mesmo ou o que dizem aqui é verdade?"
Quis entender, primeiramente, o que seria "dizem aqui". Ela me explicou que, na família, o comentário é que a vacina russa é um blefe. Respondi que sei da notícia oficial. Oficialmente, o governo russo informa que a Sputnik é segura e que já começou a ser liberada para a população sem especificar as datas para os lotes. A Lancet, uma das mais respeitadas e antigas revistas científicas do mundo, fez uma publicação recente sobre a Sputinik demonstrando que a vacina russa é segura e demonstrou uma resposta imunológica.
Além da notícia do dia, o foco aqui é se a guerra fria das vacinas vai gerar uma proteção eficiente contra a covid-19 para a população do mundo. Nos Estados Unidos, apenas a Pfizer afirmou que poderá solicitar ao FDA autorização para aprovação de emergência da vacina em estudo para o mês de outubro. Albert Bourla, CEO da Pfizer, disse hoje que há 60% de chances de que, no melhor cenário, eles tenham uma conclusão até o fim de outubro --e que isso é apenas uma estimativa. O comunicado coletivo das nove empresas farmacêuticas, no entanto, indica que a ciência não se curvará aos interesses dos líderes mundiais.
Dos seis laboratórios que publicaram a nota, três estão testando as vacinas contra a covid-19 nos Estados Unidos: Pfzier, Moderna e AstraZeneca. As outras empresas são a BioNTech, GlaxoSmithKline, Johnson&Johnson, Merck, Novavax e Sanofi. O texto dos laboratórios afirmando que a ciência é apoiada seria óbvio não fosse o contexto atual americano no qual os cientistas são confrontados com a política.
Há exatamente uma semana foi notícia que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos notificou formalmente os 50 estados americanos para que todos estejam preparados para distribuir e aplicar gratuitamente a vacina contra o novo coronavírus em profissionais da saúde no mais tardar até o dia 1º de Novembro, dois dias antes das eleições legislativas e presidenciais. A orientação do CDC foi o sinal mais claro de que o governo americano tem clara intenção de acelerar todos os processos -- até mesmo os científicos -- para a aprovação de uma vacina o quanto antes. Desde então, criou-se no país uma discussão sobre a politização do FDA (Food and Drug Administration), agência federal do Departamento de Saúde dos Estados Unidos que controla e autoriza a comercialização de medicamentos.
Trecho da notificação do governo dos EUA: vacina prevista para estar disponível em novembro
O comunicado emitido hoje pelas empresas farmacêuticas não cita Donald Trump, mas o presidente americano por mais de uma vez afirmou que a vacina contra a covid-19 será realidade ainda este ano. No discurso do feriado do dia do trabalho, 7 de Setembro, disse mais: afirmou que as doses podem sair "num dia especial", citando indiretamente as eleições.
A corrida contra o tempo para a vacina americana vem ainda de encontro com as estatísticas da covid-19. Os Estados Unidos são o país com o maior número de casos e mortes no mundo por complicações do novo coronavírus e apesar da queda no número de novos casos, há um receio que a curva de contaminação volte a subir com o fim dos dias quentes.
A vacina russa
Neste fim de semana, enquanto passeava com meu cãozinho no parque do Brooklyn, escutei de uma senhora que sempre encontro ali a pergunta: "Então você é jornalista... Me responda: é real a vacina russa? Funciona mesmo ou o que dizem aqui é verdade?"
Quis entender, primeiramente, o que seria "dizem aqui". Ela me explicou que, na família, o comentário é que a vacina russa é um blefe. Respondi que sei da notícia oficial. Oficialmente, o governo russo informa que a Sputnik é segura e que já começou a ser liberada para a população sem especificar as datas para os lotes. A Lancet, uma das mais respeitadas e antigas revistas científicas do mundo, fez uma publicação recente sobre a Sputinik demonstrando que a vacina russa é segura e demonstrou uma resposta imunológica.
Além da notícia do dia, o foco aqui é se a guerra fria das vacinas vai gerar uma proteção eficiente contra a covid-19 para a população do mundo. Nos Estados Unidos, apenas a Pfizer afirmou que poderá solicitar ao FDA autorização para aprovação de emergência da vacina em estudo para o mês de outubro. Albert Bourla, CEO da Pfizer, disse hoje que há 60% de chances de que, no melhor cenário, eles tenham uma conclusão até o fim de outubro --e que isso é apenas uma estimativa. O comunicado coletivo das nove empresas farmacêuticas, no entanto, indica que a ciência não se curvará aos interesses dos líderes mundiais.
Publicidade